Esperanças de encontrar sobreviventes após inundações na Líbia diminuem

Organizações humanitárias alertaram para o crescente risco de propagação de doenças após as inundações que deixaram milhares de mortos e desaparecidos no leste da Líbia, onde as esperanças de encontrar sobreviventes se esgotavam neste sábado(16), seis dias após a catástrofe.

A tromba d'água da madrugada de domingo para segunda-feira provocou o rompimento de duas barragens e gerou uma enchente comparável a um maremoto de vários metros, que destruiu prédios, veículos e arrastou milhares de pessoas em sua trajetória.

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Edifícios inteiros foram varridos pela água e outros foram parcialmente destruídos. Esta catástrofe castiga um país assolado por anos de conflito, onde há dois governos rivais.

Autoridades do governo que controla a região leste --não reconhecido pela ONU-- relatam balanços contraditórios.

Othman Abdeljalil, chefe da pasta de Saúde do governo do Leste, indicou 3.166 mortes em um relatório divulgado na noite de sexta-feira, que incluiu 101 mortos encontrados durante o dia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que "os corpos de 3.958 pessoas foram encontrados e identificados" e que 9.000 estão desaparecidas.

Esta agência da ONU anunciou que 29 toneladas de material médico já chegaram à cidade de Benghazi, a cerca de 300 quilômetros de Derna. Um correspondente da AFP confirmou que dois aviões cargueiros com ajuda pousaram em Benghazi, um dos Emirados Árabes Unidos e outro do Irã.

Na entrada de Derna há um fluxo constante de veículos trafegando por uma estrada improvisada e escavadeiras continuam trabalhando para remover os escombros.

Em Al Bayda, 100 quilômetros a oeste de Derna, moradores tentam desobstruir estradas e limpar suas casas cheias de lama.

No terreno, organizações humanitárias como Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Islamic Relief alertaram que nos próximos dias existe o risco de propagação de doenças e dificuldades na entrega de ajuda aos mais necessitados.

A situação é "caótica", o que dificulta a contagem e identificação das vítimas, explicou Manoelle Carton, coordenadora médica de uma equipe da MSF.

"Muitos voluntários de toda a Líbia e do estrangeiro estão no local. A coordenação da ajuda é urgente", insistiu.

A ONG Islamic Relief, que alertou para uma "segunda crise humanitária" devido ao "risco crescente de doenças transmitidas pela água e à escassez de alimentos, abrigo e medicamentos".

"A cidade cheira a morte. Quase todo mundo perdeu alguém que conhece", alertou seu vice-diretor, Salah Aboulgasem.

Para acelerar os esforços de busca, o chefe do governo do leste da Líbia, Osama Hamad, decretou que a partir deste sábado serão aplicadas novas restrições na área do desastre.

"Apenas equipes de busca e investigadores líbios e estrangeiros terão acesso", informou.

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