Cientistas podem ter descoberto como ocorre morte de neurônios no Alzheimer

A nova pesquisa divulgada em artigo científico explica como ocorre a morte das células cerebrais, sintoma presente em quem tem a doença, e como isso representa um avanço para o tratamento

13:44 | Set. 16, 2023

Por: Beatriz Teixeira
Foto de apoio ilustrativo: ressonância magnética do cérebro de uma pessoa (foto: Dmitriy Gutarev / Pixabay)

Uma pesquisa divulgada por cientistas do Reino Unido e da Bélgica pode ter encontrado a resposta sobre como acontece as mortes dos neurônios, as células cerebrais, na doença de Alzheimer. O artigo foi publicado nessa sexta-feira, 15, na versão impressa da revista Science. Os cientistas advertem, porém, que trata-se de experimento inicial, restando muitos passos até ele poder se tornar um tratamento para humanos.

A perda das células cerebrais levam aos sintomas mais conhecidos do Alzheimer, como a perda de memória. No cérebro de quem está com a doença ocorre um acúmulo de proteínas consideradas anormais, conhecidas como amiloide e TAU. Os cientistas ainda não tinham conseguido entender como isso se relacionava com a necroptose — morte celular — dos neurônios.

O novo estudo pode ter chegado a essa resposta. De acordo com os cientistas, a amiloide começa a se concentrar nos espaços existentes entre os neurônios. Isso causaria uma inflamação cerebral, que ocasionaria danos às células, e geraria uma mudança na química interna delas.

Um amontoado de TAU começaria, assim, a surgir e os neurônios passariam a produzir uma molécula chamada MEG3, que seria a responsável por provocar a morte deles a partir da necroptose. Durante a pesquisa, a equipe conseguiu bloquear a MEG3 e descobriram que as células continuam vivas depois disso.

Para o realizar o experimento, os pesquisadores — que trabalham no Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, nas universidades College London e da KU Leuven, na Bélgica — implantaram as células humanas em ratos. Os animais passaram por uma mudança genética para produzirem mais a amiloide.

À BBC, a professora da Universidade de Edimburgo, Tara Spires-Jones - também presidente da Associação Britânica de Neurociências - disse ser um artigo interessante e que abordava “uma das lacunas fundamentais na pesquisa sobre Alzheimer”. Entretanto, ela destacou que ainda seriam necessários “muitos passos” antes de descobrirem como aplicar a descoberta no tratamento da doença.