Ebrard exige anulação de candidatura governista de Sheinbaum à Presidência do México
O ex-chanceler Marcelo Ebrard exigiu, nesta segunda-feira (11), a anulação da escolha de Claudia Sheinbaum como candidata do governo à Presidência do México em 2024, sob pena de deixar o partido do governo.
Após vencer cinco consultas, Sheinbaum obteve, na quarta-feira passada, a indicação do Morena, partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, mas Ebrard, segundo colocado nestas pesquisas, não reconheceu sua validade, alegando irregularidades.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
"Se estas diferentes circunstâncias que ocorreram (...) continuarem iguais, eu não teria mais interesse em ficar no Morena", advertiu o ex-ministro em declaração à imprensa, um dia depois de apresentar a um comitê de ética do partido uma ação pedindo a anulação e a repetição do processo.
Ele aventou, ainda, a possibilidade de se candidatar à Presidência com um partido político próprio, que seria lançado em 18 de setembro.
Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México, de 61 anos, desqualificou a reivindicação de Ebrard.
"Revisamos a impugnação, não tem muito fundamento", afirmou a candidata à TV Milenio, anunciando que a ação será respondida "juridicamente". Além disso, ela disse que as diferenças com Ebrard não significam uma ruptura partidária.
De qualquer forma, embora o inconformismo de Ebrard já tenha causado uma cisão, sua eventual saída do Morena teria impacto limitado, segundo analistas.
O ex-chanceler, de 63 anos, denunciou na segunda-feira que responsáveis por organizar as consultas promoveram Sheinbaum, que - segundo ele - também se beneficiou do uso de recursos públicos e recebeu informação privilegiada sobre os locais onde as consultas seriam realizadas para fazer propaganda.
Ele também se refere à coação dos consultados mediante "ameaças, violência e intimidação", segundo o recurso de anulação, difundido parcialmente por veículos de imprensa locais.
Sheinbaum, que vai disputar a Presidência com a senadora opositora de origem indígena Xóchitl Gálvez, venceu as consultas com vantagem de 10 a 15 pontos percentuais, e seu favoritismo tinha sido antecipado por outras pesquisas.
Esta será a primeira vez que duas mulheres vão disputar a Presidência do México, um país com longa tradição machista e duramente afetado pela violência de gênero. Outros quatro pré-candidatos participaram da consulta do Morena, favorito para permanecer no poder por mais seis anos.
A ex-prefeita, vista desde o começo do processo como a favorita do popular presidente López Obrador, voltou a acenar a bandeira da paz para Ebrard. "Aqui as portas continuam abertas para que volte", disse.
Para analistas como Pablo Majluf, o ex-pré-candidato está em uma encruzilhada, pois suas denúncias são difíceis de provar e os resultados das consultas foram contundentes.
A eventual deserção de Ebrard não provocaria uma divisão no Morena, onde, segundo estimativas da imprensa, ele é apoiado por cerca de 80 deputados dos 275 que formam a aliança governista. Estes condicionam seu apoio "às chances de vitória que tiver em sua rebeldia", afirma Majluf.
López Obrador tem dito que confia em que seu ex-chanceler, a quem costuma chamar de "irmão" e "amigo", acabe decidindo apoiar a continuidade do projeto de "transformação".