Biden chega ao Vietnã para reforçar 'cooperação' em sua estratégia frente à China

11:27 | Set. 10, 2023

Por: AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou neste domingo (10) durante a sua visita ao Vietnã o aprofundamento da cooperação com este país fronteiriço com a China, viagem que deve focar no comércio de semicondutores e terras-raras.

Biden chegou ao Vietnã neste domingo, partindo da Índia, depois de participar na cúpula do G20 em Nova Délhi. Foi recebido com pompa por Nguyen Phu Trong, secretário-geral do Partido Comunista que governa o Vietnã.

O objetivo da visita é assinar uma "aliança estratégica ampliada" que é o mais alto nível de cooperação diplomática do Vietnã, país onde os Estados Unidos mobilizaram as suas tropas em uma guerra que terminou em 1975.

"Este pode ser o início de uma era de cooperação ainda maior", disse Biden no seu encontro com Nguyen Phu Trong.

"O Vietnã e os Estados Unidos são parceiros fundamentais em um momento que eu diria muito crítico", afirmou o presidente americano, que foi recebido por um grupo de militares vestidos com roupas de gala e por uma multidão de crianças em idade escolar que agitavam bandeiras dos dois países.

O objetivo principal da visita de Biden ao Vietnã é o mesmo da cúpula do G20: reunir apoio contra a crescente influência da China.

Durante a viagem, espera-se o anúncio de mais cooperação na área de semicondutores, disse a jornalistas Jon Finer, vice-assessor de Segurança Nacional dos EUA.

O líder vietnamita elogiou Biden em sua chegada ao palácio presidencial em Hanói e disse: "Você não envelheceu um dia, na verdade eu diria que você está melhor do que nunca".

O presidente americano - que tem 80 anos, faz campanha para a reeleição em 2024 e é frequentemente criticado por sua idade - respondeu com um sorriso.

Os Estados Unidos consideram o Vietnã - um produtor de tecnologia que também possui reservas de terras-raras - como importante na sua estratégia para reduzir a sua dependência da China, após anos de perturbações na cadeia de abastecimento e tensões com Pequim.

O Vietnã procura dar a impressão de que não toma partido nem dos Estados Unidos nem da China, mas compartilha a preocupação de Washington sobre as reivindicações de Pequim no disputado Mar da China Meridional, onde Hanói também tem reivindicações.

Antes da chegada de Biden, o The New York Times noticiou que o Vietnã estava negociando secretamente um novo acordo de armas com a Rússia, apesar das sanções impostas pelas potências ocidentais a Moscou.

Neste domingo, Finer mencionou as relações de cooperação militar que a Rússia e o Vietnã mantêm há décadas.

Segundo o alto funcionário americano, há "um mal-estar crescente entre os vietnamitas" sobre esta relação e afirmou que Washington e os seus aliados podem ajudar Hanói a "diversificar os seus parceiros".

Na segunda-feira, o presidente dos EUA se reunirá com o seu homólogo, Vo Van Thuong, e com o primeiro-ministro Pham Minh Chinh.

Antes da chegada de Biden, a área do lago Hoan Kiem, no coração de Hanói, estava decorada com as bandeiras dos dois países. Perto dali, no bairro antigo da capital, uma loja de souvenirs vendia camisetas com o rosto do presidente americano.

"Acredito que esta visita do presidente Joe Biden trará mais contratos comerciais e empregos para o povo do Vietnã", disse o comerciante Truong Thanh Duc, de 61 anos.

Biden disse que levantou a questão dos direitos humanos em sua reunião com Trong e se comprometeu a continuar com um "diálogo franco".

O presidente chega ao Vietnã poucos dias depois de a Comissão do Governo dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) ter criticado que neste país existem violações "persistentes" e que a situação parece piorar.

Biden - que critica a China em matéria de direitos humanos - mantém-se em grande parte silencioso sobre a situação no Vietnã e os ativistas temem que ele não insista no assunto durante a visita.

Para visitar Hanói, Biden precisou abandonar antes do final a cúpula do G20, cujos líderes chegaram a acordo sobre uma declaração conjunta que evitou divisões sobre a guerra na Ucrânia e a luta contra a mudança climática.

A agenda de Biden inclui uma visita ao memorial do seu amigo John McCain, o falecido senador republicano que lutou durante a Guerra do Vietnã, foi capturado e suportou um longo cativeiro, mas depois ajudou a reconstruir as relações entre os dois países.

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