Calor, incêndios, chuvas: os extremos climáticos do verão no hemisfério norte
07:09 | Set. 06, 2023
O planeta registrou nos últimos três meses uma série de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, incêndios e inundações, que se tornaram mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global.
Julho e agosto de 2023 foram os meses mais quentes já registrados no planeta, segundo o Observatório Europeu Copernicus (EMS), para o qual 2023 provavelmente será o ano mais quente da história.
O verão boreal (hemisfério norte) de 2023 foi marcado por recordes de temperatura.
A Índia registrou o mês de agosto mais quente e seco desde o início dos registros há mais de um século. O Japão enfrentou as temperaturas médias mais elevadas já registradas no arquipélago entre junho e agosto.
A onda de calor também afetou a região do Mediterrâneo e a América do Norte, com temperaturas que superaram 40 graus Celsius.
O inverno no hemisfério sul foi excepcionalmente ameno. O inverno australiano foi o mais quente já registrado, com temperatura média de 16,75ºC entre junho e agosto.
A América Latina sofreu ondas de calor invernal. O termômetro superou 30ºC em São Paulo (Brasil) e atingiu 25ºC em Santiago do Chile, temperaturas incomuns para o período.
Na Argentina, os moradores de Buenos Aires viveram em 1º de agosto do dia mais quente para o mês desde o início das estatísticas (30ºC).
Os cientistas afirmam que as temperaturas elevadas são o resultado da mudança climática, acentuadas este ano pelo retorno do fenômeno 'El Niño', que se caracteriza por um aumento da temperatura das águas do Pacífico e que provoca fenômenos climáticos extremos.
Em agosto, os oceanos também bateram um recorde. Segundo a base de dados ERA5 do Copernicus, a temperatura da superfície alcançou 21ºC após meses de superaquecimento histórico, ainda em curso. O Atlântico Norte e o Mediterrâneo também registraram recordes.
O aquecimento tem consequências nefastas para a biodiversidade, ao mesmo tempo que reduz a capacidade dos oceanos de absorver CO2, reforçando o círculo vicioso do aquecimento climático.
Embora não represente uma média, a temperatura da água foi medida em 38,3ºC em 24 de julho na costa da Flórida (EUA), estabelecendo um potencial recorde mundial caso a precisão da medição seja confirmada.
O arquipélago americano do Havaí sofreu em agosto os incêndios mais violentos nos Estados Unidos em um século, que mataram pelo menos 115 pessoas e deixaram centenas de desaparecidos na ilha de Maui.
No Canadá, os incêndios não provocaram vítimas, mas foram excepcionalmente devastadores em um contexto de forte seca.
Desde o início do ano, segundo Centro Interagências de Incêndios Florestais do Canadá (CIFFC), 16,44 milhões de hectares foram devastados, uma superfície equivalente ao território da Tunísia.
O recorde anterior era de 7,11 milhões de hectares em 1995.
No fim de junho, Montreal foi por alguns dias a cidade mais poluída do planeta, sob uma camada de fumaça provocada pelos incêndios florestais, informou a empresa especializada Iqair.
Em menor medida, a Europa também foi afetada pelas chamas: na Grécia, um incêndio perto da fronteira com a Turquia destruiu mais de 80.000 hectares.
Outros focos de incêndios atingiram as ilhas de Corfu e Rhodes.
Desde o início do ano, 535.000 hectares foram queimados na Europa, segundo o Copernicus (dado atualizado até 2 de setembro). Apesar de estar acima da média (447.000 ha), o número continua muito abaixo do recorde de 1,21 milhão registrado no mesmo período em 2017.
A temporada de monções matou pelo menos 175 pessoas no Paquistão, 155 na Índia e 41 na Coreia do Sul. Na região norte da China, 62 pessoas faleceram vítimas das chuvas torrenciais.
Apesar do número de mortes, as chuvas não foram excepcionais na Índia, pois em agosto registraram o menor nível histórico, o que contribuiu para o recorde de temperaturas no país.
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