Nasce o primeiro bebê concebido por inseminação pós-morte do pai em Portugal

Mãe conseguiu realizar o processo de inseminação ao lutar durante quatro anos pelo direito de inseminação pós-morte

15:31 | Ago. 17, 2023

Por: Iully Fernandes
O pai do bebê, que morreu em 2019, deixou escrito que gostaria que a mulher tivesse um filho com o sémen dele (foto: Reprodução / Mídias Sociais)

Pela manhã da última quarta-feira, 16, nasceu a primeira criança concebida após a morte do pai em Portugal. Hugo Guilherme chegou ao mundo com quatro quilos no Centro Materno-Infantil do Norte, no Porto, e a notícia foi partilhada pela mãe, Ângela Ferreira.

“Hoje [quarta-feira] o nosso mundo ficou mais iluminado, o Guilherme nasceu pelas 11h09 com 3,915 quilogramas e 50,5 centímetros”, escreveu a mais nova mãe em seu perfil no Instagram.

Guilherme nasce quatro anos após a morte de seu pai. Hugo Ferreira, o pai do bebê, morreu aos 29 anos em 2019, em decorrência de um câncer e, anteriormente, havia crioconservado as amostras de seu sêmen.

A manifestação de sua vontade também foi concretizada por sua esposa, que criou uma petição que foi assinada por mais de cem mil pessoas. O projeto lutava pelo direito da inseminação artificial pós-morte.

Inseminação pós-morte do pai: como Ângela Ferreira ganhou o processo em Portugal

Segundo o Correio da Manhã, Hugo deixou escrito que gostaria que a mulher tivesse um filho com o sêmen dele. A batalha da atual mãe de primeira viagem começou após a morte do marido, quando ela decidiu criar uma petição que foi assinada por mais de cem mil pessoas.

Ela ficou conhecida devido a uma reportagem da TVI, canal de televisão português, "Amor sem Fim".

Depois de ser aprovado pelo parlamento, em outubro de 2020, o projeto de lei esbarrou no presidente da República. Nesse momento, Marcelo Rebelo de Sousa acusou o projeto de gerar “incertezas jurídicas”, sobretudo no que diz respeito às heranças.

Em 5 de novembro de 2021, o presidente promulgou a lei que permitia a Ângela cumprir o sonho do falecido marido.

“Finalmente partilho a tão desejada notícia. Foram anos de luta, o processo foi longo e demorado, mas finalmente conseguimos! É com uma alegria enorme e com o coração cheio que partilho que batem dois corações dentro de mim”, compartilhou Ângela no Instagram.

A nova lei permite que uma mulher tenha um filho do companheiro que tenha morrido, desde que este tenha feito criopreservação de sêmen e, em vida, tenha registrado por escrito a vontade de uma paternidade pós-morte.

Portugal foi um dos primeiros países a legalizar a inseminação com sêmen de progenitores falecidos. Na Europa, só é permitida na Bélgica, Espanha, Grécia, Países Baixos, Reino Unido e República Checa.