Veja o que se sabe sobre a rebelião do grupo paramilitar russo Wagner
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu punir os "traidores" do grupo de mercenários Wagner, depois que seu líder ameaçou derrubar o comando militar russo
08:19 | Jun. 24, 2023
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu punir os "traidores" do grupo de mercenários Wagner, depois que seu líder ameaçou derrubar o comando militar russo.
Yevgueni Prigozhin, de 62 anos, divulgou uma série de mensagens na noite de sexta-feira e na madrugada deste sábado (24), afirmando que ele e suas forças entraram na cidade russa de Rostov, no sul do país, e que tomaram suas instalações militares.
Confira o que se sabe até o momento:
Há meses, Prigozhin tem se envolvido em uma disputa pelo poder com os comandos militares russos, aos quais responsabiliza pelas baixas em suas tropas no leste da Ucrânia.
Em várias ocasiões, ele acusou o exército russo de não equipar suficientemente seus mercenários ou de dificultar seus avanços com trâmites burocráticos, além de atribuir a si vitórias que, na verdade - segundo Prigozhin - foram obtidas graças aos combatentes do Wagner.
Neste sábado, Prigozhin acusou o comando militar russo de ordenar bombardeios contra as bases de seu grupo paramilitar e de ter matado muitos de seus combatentes.
O líder do grupo Wagner afirmou que é preciso "frear" as lideranças militares russas e prometeu "ir até o final".
Mais tarde, afirmou que seus combatentes haviam derrubado um helicóptero militar russo e que tinham tomado várias instalações militares na cidade de Rostov (sul).
Durante a noite, o Kremlin afirmou que estão sendo tomadas "medidas" contra o motim.
As autoridades reforçaram a segurança em Moscou e em outras regiões, como Rostov e Lipetsk.
Putin qualificou o motim do grupo Wagner de "ameaça mortal" para o país e fez um apelo à unidade. Também assegurou que a "traição" do grupo Wagner resultaria em uma "inevitável punição".
O grupo paramilitar Wagner, privado, esteve envolvido em conflitos no Oriente Médio e na África, mas sempre negou sua participação.
No ano passado, Prigozhin admitiu ter fundado o grupo recrutando soldados em prisões russas em troca de anistia.
No leste da Ucrânia, seus paramilitares têm se posicionado na linha de frente.
Eles lideraram a tomada de Bakhmut, que se estendeu durante meses, e reivindicaram ter tomado esta cidade para as tropas russas, embora a operação tenha causado muitas baixas ao grupo.
Este motim representa o mais grave desafio ao qual Putin teve que enfrentar em seu longo mandato, e a crise de segurança mais importante para a Rússia desde que chegou ao poder, ao final de 1999.
A situação poderia desviar a atenção e os recursos em plena ofensiva na Ucrânia, e coincide, ainda, com a contraofensiva anunciada por Kiev para recuperar territórios.
O exército ucraniano informou que está "observando" a luta interna entre Prigozhin e Putin.
Moscou, no entanto, advertiu que o exército ucraniano estava aproveitando a situação para reunir suas tropas perto de Bakhmut frente a uma ofensiva.
No plano internacional, Estados Unidos, França, Alemanha e União Europeia informaram que acompanham a situação de perto.
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