COP28: luta por financiamento climático bloqueia negociações

A luta entre o Norte e o Sul sobre o financiamento do gigantesco combate às mudanças climáticas paralisa novamente as negociações antes da grande conferência anual do clima, marcada para dezembro em Dubai (COP28).

Durante dez dias, na cidade alemã de Bonn, negociadores de quase 200 países tentaram fechar a agenda provisória para Dubai, sem sucesso.

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Todas as partes signatárias da Convenção da ONU para combater a mudança climática, base das negociações, concordam que uma transição energética é necessária, mas a grande batalha é a que preço, em quais condições e cronograma.

Ao ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa, o planeta caminha para um aumento da temperatura média de +2,8°C até 2100. Na histórica COP de Paris em 2015, o objetivo prioritário era manter esse aumento em um máximo de +1,5 º C.

"A mudança climática não é um problema de 'Norte contra Sul', é um maremoto que não distingue ninguém", alertou o secretário-executivo da ONU Clima, Simon Stiell, encerrando as negociações em Bonn na quinta-feira.

A União Europeia, apoiada em termos gerais por países latino-americanos e Estados insulares, quis colocar de volta à mesa os esforços para reduzir as emissões, mas os países emergentes, liderados por China, Índia e Arábia Saudita, exigiram que se falasse em dinheiro.

"A relutância dos países desenvolvidos em realmente se comprometer" com o financiamento foi denunciada por Cuba em nome do grupo G77+China (que na verdade reúne 134 países em desenvolvimento, mais de 80% da população mundial).

"Cada país tem o direito de seguir seu próprio caminho de desenvolvimento e transição", explicou esse grupo.

"Respeitamos nossos compromissos com o financiamento climático", declarou a UE, lembrando aos países pobres a necessidade de diversificar as fontes de investimento.

A questão financeira é o tema da cúpula de Paris para um novo Pacto Financeiro global, nos dias 22 e 23 de junho.

Presidentes, autoridades do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que mantém um discurso enérgico contra os combustíveis fósseis, são convidados para esta cúpula.

Os ativistas, por sua vez, mantêm a pressão sobre o presidente da COP28, que também é patrono da empresa de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Sultan al Jaber, que esteve em Bonn nos dias 8 e 9 de junho.

"Chegou a hora de deixar de ouvir e começar a agir", estima Alden Meyer, um veterano observador da COP e especialista do think tank E3G.

Sultan al Jaber participou em reuniões com delegações e reconheceu que a redução de combustíveis fósseis é "inevitável".

Os observadores não perdem a esperança de que uma agenda clara seja definida até a COP28, que acontecerá após uma etapa decisiva.

Em setembro, os países da COP devem fazer um balanço de suas ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa desde 2015.

"A diferença entre os resultados políticos de Bonn e a dura realidade climática parece absurda", critica Li Shuo, especialista do Greenpeace, que prevê "turbulências políticas na COP28".

Os ecologistas conseguiram, em Bonn, fazer com que os participantes das conferências sobre o clima, começando por Dubai, declarassem seus vínculos empresariais.

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