Mulher de 75 anos não sente medo, dor e ansiedade devido a mutação genética

Além dessa condição já muito rara, a mutação genética da mulher faz com que suas células se regenerem mais rápido do que o comum

Imagine viver a sua vida sem sentir qualquer vestígio de dor, medo ou ansiedade. É assim que vive a escocesa Jo Cameron, atualmente com 75 anos, que possui uma condição rara que inibe as sensações anteriores.

Além dessa condição já muito rara, a escocesa também conta com outra mutação genética que faz com que suas células se regenerem mais rápido do que o comum.

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Em entrevista à BBC, Jo revela que ela e sua família achavam que sua condição era, na verdade, apenas uma alta resistência à dor. Mas foi em uma visita ao médico que ela descobriu do que se tratava.

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Jo, na época com 65 anos, realizava cirurgia para tratar de sua artrite e o médico estranhou a mulher não sentir qualquer dor após a operação, o que era esperado. Ela nem mesmo precisou tomar remédios.

Foi então que o anestesista Devjit Srivastava encaminhou o caso dela para os geneticistas que estudam dor na University College London (UCL) e na Universidade de Oxford, ambas no Reino Unido, onde coletaram tecido e sangue de Cameron.

Detalhes do estudo da mulher que não sente dor 

O estudo revelou que a condição rara de Jo Cameron se tratava de uma mutação no gene FAAH-OUT, fazendo com que ela tenha uma redução no gene FAAH, relacionado ao sistema endocanabinóide, que é responsável pelo controle da dor, humor e memória.

Por anos e anos especialistas consideravam o grupo do gene FAAH-OUT desprezível, já que sua região do genoma não codifica ou cria proteínas.

Contudo, em Jo, essa região atuava com um mediador do gene do sistema endocanabinóide. A presença do FAAH-OUT em Jo, reduz o gene FAAH, fazendo com que ela seja menos sensível à dor.

Os cientistas contam que também descobriram que as células da idosa se curam de 20 a 30% mais rápido do que o normal.

O professor associado da UCL e coautor de um estudo sobre a mutação publicado na revista de neurologia Brain, Andrei Okorokov, ainda revela que Jo é a única pessoa no mundo a ter ambas as mutações.

Dor é importante? 

À BBC, Jo conta que queima os braços no forno com frequência, já que não sente dor, e só percebe após sentir cheiro de sua pele já queimada.

A dor serve, nesses casos, como um alerta de que estamos em perigo ou para nos alertar de algo que nos ameaça, como, por exemplo, um corte ou pancada.

A idosa de 75 anos também revelou que sente as mesmas emoções que qualquer outra pessoa, mas que consegue processar sentimentos perturbadores mais rápidos.

“Imediatamente penso que deve haver soluções e começo a pensar em estratégias”, explica ela.

Melhores remédios

O coautor do estudo e professor na UCL, James Cox, espera que a descoberta expanda as pesquisas sobre medicamentos para a saúde mental, o controle da dor e a cicatrização de feridas.

“Compreendendo no nível molecular como o FAAH-OUT funciona, esperamos que novos e melhores medicamentos para alívio da dor possam ser desenvolvidos”, diz o professor.

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