Lula e Maduro lançam 'novo tempo' nas relações entre Brasil e Venezuela

O presidente Lula recebeu, nesta segunda-feira (29), com honras, em Brasília, o seu par venezuelano, Nicolás Maduro, e juntos anunciaram o início de um "novo tempo" na relação entre seus países e a nível regional.

"A Venezuela sempre foi um parceiro excepcional para o Brasil, mas por conta das contigências políticas e os equívocos, o presidente Maduro ficou oito anos sem vir ao Brasil", disse Lula em coletiva de imprensa depois de uma reunião no Palácio do Planalto.

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Maduro, que havia visitado o país pela última vez em 2015, chegou à Brasília no domingo para participar de uma reunião, nesta terça-feira, com os demais governantes da América do Sul, convocada por Lula.

"A vinda do Maduro aqui é o começo da volta do Maduro" ao plano regional, e o encontro com os outros líderes será "a volta da integração da América do Sul", acrescentou Lula, definindo o momento como "histórico".

"Hoje, abre-se um novo tempo nas relações entre nossos países, entre nossos povos", disse, ao lado de Lula, o líder venezuelano.

O governo Lula retomou as relações diplomáticas com o governo de Maduro. Em 23 de janeiro de 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) havia reconhecido Juan Guaidó como presidente da Venezuela.

Os líderes mantiveram primeiro uma reunião privada, depois com suas comitivas, antes de almoçarem no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Lula anunciou o retorno de uma relação "plena" com a administração de Maduro e criticou a postura dos países europeus e dos Estados Unidos de apoiarem Guaidó.

"Eu dizia que não compreendia como um continente que conseguiu exercer a democracia tão plena, como a Europa exerceu quando construiu a União Europeia, poderia aceitar a ideia de que um impostor pudesse ser presidente da República (só) porque eles não gostavam do presidente eleito."

"Espero que nunca mais na história do Brasil, a gente tenha que romper uma relação por ignorância, como a gente rompeu a relação com a Venezuela", acrescentou.

O presidente brasileiro convocou os governantes da América do Sul para um encontro na terça-feira, que definiu como um "retiro", no qual se buscará reativar a integração de uma região com rupturas ideológicas e crises internas.

Com a exceção da presidente peruana, Dina Boluarte, todos os governantes, 10 no total, confirmaram presença na primeira reunião regional de alto nível em quase uma década.

Sem uma agenda pré-estabelecida e com um formato reduzido - na sala estarão apenas os mandatários, seus chanceleres e alguns assessores -, a ideia do encontro proposto por Lula é que os países possam discutir com franqueza seus problemas em comum.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, os principais objetivos são "retomar o diálogo" para buscar "um destino comum" e acordar uma agenda de cooperação em temas como saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.

E encontrar também um caminho para um novo mecanismo de integração sul-americana.

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