Tumulto em estádio de El Salvador deixa 12 mortos

O tumulto envolvendo torcedores na noite de sábado (20), que deixou 12 mortos no estádio Cuscatlán, em San Salvador, durante um torneio local de futebol, deixou sobreviventes traumatizados e provocou comoção em El Salvador.

"Estou traumatizado por ver gente jogada, morta, com hematomas, com o rosto pisoteado. Isso entrou para a história", contou à AFP Fredy Alexander Ruiz, de 28 anos, sobrevivente da confusão.

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Torcedor do Alianza, que enfrentava o FAS pelas quartas de final do torneio Clausura, Ruiz, que trabalha em uma loja de peças de reposição, queria assistir à partida com dois amigos, mas se deparou com a confusão.

O tumulto ocorreu aos dez minutos da partida, que acabou suspensa. Até mesmo os jogadores ajudaram nos trabalhos de socorro.

"Havia cerca de cinco [pessoas] em cima de mim, que estavam me sufocando. Não conseguia mais respirar, estava sufocando [e] graças a Deus consegui segurar o pé de um policial e fui tirado dali com outro amigo", lembrou.

Após ser estabilizado com oxigênio e soro em um hospital da capital salvadorenha, Ruiz agora precisará se recuperar das lesões sofridas no ombro direito, nas costelas e na coluna.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, disse que a polícia e o Ministério Público estão realizando uma "investigação exaustiva" para determinar as responsabilidades da tragédia.

"Todos serão investigados: times, dirigentes, estádio, hotelaria, liga, federação, etc. Sejam quem forem os culpados, não ficarão impunes", tuitou Bukele.

O balanço da tragédia, segundo o boletim preliminar do diretor da Polícia Nacional, é de nove mortos dentro do estádio e outros três nos hospitais da capital.

A investigação "irá a fundo para determinar a responsabilidade, seja por ação ou omissão de alguns encarregados", afirmou Mauricio Arriaza.

Além dos mortos, vários torcedores ficaram feridos, "ao menos dois deles em estado crítico", acrescentou o chefe da polícia.

Segundo esta força de segurança, "as primeiras informações apontam para um tumulto de torcedores que tentaram entrar para ver a partida entre o Alianza e o FAS", violando um dos portões do setor sul do estádio.

"Um monte de gente caiu em cima de mim, não conseguia respirar, estava sufocando", contou à AFP, na madrugada de domingo, Sandra Gusmán, de 40 anos, quando saía do Hospital Nacional Rosales.

Ela relatou que, quando estava em frente ao portão, "as pessoas me empurraram para entrar [no estádio], não me deram mais chance de recuar. Quando fui ver, entrei em pânico, tinha muita gente em cima de mim. Desmaiei, quando acordei, estava no hospital".

Com uma bandagem no joelho esquerdo, Sandra saiu caminhando com dificuldade do hospital, acompanhada do amigo Javier Ramírez, de 31 anos.

Os dois disseram que foi "a primeira e última vez" que passaram por isso porque não vão voltar ao estádio.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, não demorou em manifestar seus pêsames "aos familiares e amigos" dos mortos.

"Nós, juntamente com a Fifa e a comunidade mundial do futebol, acompanhamos em sentimento todas as pessoas afetadas, assim como as pessoas da República de El Salvador, a Concacaf, a Federação Salvadorenha de Futebol e a Primeira Divisão de Futebol de El Salvador nestes momentos difíceis", acrescentou Infantino em nota.

A Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) declarou-se "consternada e entristecida" pelo incidente, segundo um comunicado.

"A Confederação apoiará totalmente todos os esforços dirigidos a esclarecer o ocorrido e a implementar medidas que possam evitar este tipo de incidente no futuro", assinalou.

A entidade regional acrescentou que "a segurança dos participantes e torcedores que assistem às partidas de futebol é de suma importância".

Também em nota, a Federação Salvadorenha de Futebol (Fesfut) anunciou a suspensão de todos os jogos de futebol neste domingo em sinal de luto.

Sobre as pessoas socorridas, "preliminarmente foram realizados mais de 500 atendimentos", que se concentraram no setor popular do estádio, com capacidade para cerca de 35.000 pessoas, declarou o porta-voz do grupo de socorro Comandos de Salvamento, Carlos Fuentes.

As 100 pessoas em estado de maior gravidade foram transferidas a hospitais locais, alguns com sintomas de asfixia e outros com "diferentes tipos de traumatismos".

Sobre como começou o incidente, Fuentes disse que "aparentemente um dos portões do setor caiu, provocando aglomeração".

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