Portugal deve pedir de desculpas pela escravidão, diz presidente, de forma inédita

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal assuma maior responsabilidade pelo comércio de escravos, mas acrescentou que colonização do Brasil também teve coisas positivas

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou nesta terça-feira, 25, que seu país deveria pedir desculpas e assumir papel de maior responsabilidade pelo comércio de escravos. Esta é a primeira vez que uma autoridade portuguesa aborda uma possível retratação de Lisboa. Rebelo de Sousa falou sobre o assunto durante a comemoração anual da Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura portuguesa em 1974.

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"Pedir desculpas às vezes é a coisa mais fácil de fazer. Você pede desculpas, vira as costas e o trabalho está feito", apontou o presidente. O político também destacou que Portugal deveria assumir a responsabilidade para a construção de um futuro melhor.

Apesar de defender a retratação de Portugal, o presidente do país também afirmou que a colonização do Brasil teve impactos positivos como a difusão da língua portuguesa. "Mas, do lado ruim, a exploração dos povos indígenas, a escravidão, o sacrifício dos interesses do Brasil e dos brasileiros", disse.

Até este momento, autoridades portuguesas comentaram raramente sobre o passado colonial do país em territórios de Brasil, Angola, Cabo Verde, Timor-Leste, Índia e Moçambique.

De acordo com o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos, cerca de 4,86 milhões de escravos vieram para o território brasileiro entre os séculos XV e XIX.

Conselho da Europa

Em um relatório do Conselho da Europa de março de 2021, a principal instituição de direitos humanos do continente europeu aponta que Lisboa precisa de mais ações afirmativas para confrontar o seu passado colonial e o seu papel no tráfico de escravos, com o objetivo de combater o racismo e a discriminação. O relatório foi assinado pela comissária para os Direitos Humanos da instituição, Dunja Mijatovic, que reforçou a sua preocupação com o aumento de crimes de ódio com motivação racial em Portugal.

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