Aliados da Ucrânia preparam nova ajuda antes de possível contraofensiva contra Rússia

17:32 | Abr. 21, 2023

Por: AFP

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se mostrou convencido nesta sexta-feira (21) de que a Ucrânia estaria pronta para lançar uma contraofensiva que lhe permitiria recuperar territórios ocupados pelas tropas invasoras russas.

"Estou confiante de que [os ucranianos] estão em posição de libertar mais territórios", declarou Stoltenberg, à margem de uma reunião de cerca de 50 países aliados da Ucrânia na base militar americana em Ramstein, Alemanha.

Um ano depois de sua criação, o grupo de países que apoia militarmente a Ucrânia se converteu "em uma extraordinária comunidade de ação", que permitiu conseguir "avanços impressionantes" no terreno, assegurou o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu na quinta-feira aos aliados ocidentais que enviem mais caças e mísseis de longo alcance.

Zelensky fez seus pedidos diretamente a Stoltenberg, que visitou Kiev antes de seguir para Ramstein.

"Juntos, nós asseguraremos que a Ucrânia tenha tudo o que necessita", declarou Austin, enquanto anunciava a próxima entrega de tanques pesados Abrams à Alemanha para poder formar soldados ucranianos antes de seu deslocamento ao campo de batalha.

Zelensky pediu a ajuda da Otan para "superar a relutância" de alguns Estados-membros em fornecer foguetes de longo alcance, aviões de combate modernos e veículos blindados.

Alguns membros da Otan enviaram caças da era soviética para a Ucrânia, mas, até agora, nenhuma aeronave moderna, como o F-16 desenvolvido pelos EUA, apesar dos apelos de Kiev.

Os parceiros ocidentais da Ucrânia também relutam em enviar foguetes de longo alcance por medo de que a Ucrânia os use para atacar alvos dentro da Rússia.

"Todos estamos convencidos de que o que a Ucrânia necessita urgentemente é uma capacidade de defesa aérea baseada em terra", enfatizou Austin.

O chefe do Estado-Maior americano, o general Mark Milley, argumentou, por sua vez, que os russos "dispõem de um poder aéreo considerável", por isso que "equiparar a força aérea ucraniana à russa exigiria um esforço considerável".

Apesar disso, Stoltenberg reconheceu a necessidade de se falar em novas "plataformas" de apoio ao conflito, e sublinhou a necessidade de garantir que as armas já fornecidas continuem funcionando.

"Agora, esta é uma batalha de atrito e uma batalha de atrito se torna uma guerra de logística", disse o chefe da Otan.

Os representantes ucraniano, polonês e alemão se colocaram de acordo para implementar um "centro de reparação conjunto na Polônia" para os tanques Leopard 2, anunciou o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius.

A reunião em Ramstein provocou a ira de Moscou contra os países ocidentais.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que essa iniciativa "confirma a participação direta [desses países] no conflito e a participação no planejamento de operações militares".

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também acusou a OTAN de tentar "absorver e arrastar a Ucrânia para aliança" militar transatlântica, o que, segundo ele, demonstra que a Rússia tinha razão ao "lançar esta operação", em fevereiro de 2022, para garantir sua segurança.

Stoltenberg revelou que a Ucrânia já recebeu sistemas de mísseis Patriot terra-ar dos Estados Unidos e da Alemanha, sem especificar a quantidade.

Há muito tempo a Ucrânia exigia esse material de seus aliados ocidentais para se defender contra ataques de mísseis russos e repelir a invasão.

Na província de Luhansk, no leste da Ucrânia, jornalistas da AFP viram um grupo de soldados usando artilharia fornecida pelo Reino Unido.

Durante a visita de Stoltenberg a Kiev, o chefe da Otan sublinhou que a entrada da Ucrânia na aliança não é uma prioridade imediata.

"Todos os aliados da Otan concordaram que a Ucrânia se torne um membro da Otan, mas o foco principal agora é, obviamente, como garantir que a Ucrânia prevaleça", disse ele.

"Sem uma Ucrânia soberana e independente, não faz sentido falar em adesão", afirmou.

Os aliados de Kiev proporcionaram mais de US$ 55 bilhões (R$ 277 bilhões) em ajuda à segurança da Ucrânia e mais de US$ 35 bi (R$ 177 bi) vieram dos Estados Unidos, segundo Lloyd Austin.

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