Peixe perca usa patos para se reproduzir em lagos europeus
Como se fosse um passageiro clandestino, a perca-comum, peixe bastante conhecido na Europa, utiliza patos para transportar os seus ovos e assim colonizar lagos isolados, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (22).
A zoocoria é um fenômeno conhecido no mundo vegetal: abelhas que transportam o pólen das flores, ou os frutos que os pássaros ou outros animais comem e cujas sementes vão parar a quilômetros de distância, graças à digestão.
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O método das percas parece misturar esses dois tipos de transporte clandestino, segundo um estudo publicado na revista Biology Letters por uma equipe liderada por Flavien Garcia, do Laboratório de Evolução e Diversidade Biológica da Universidade de Toulouse III.
Esses especialistas analisaram a misteriosa presença de percas em 37 lagos formados em antigas pedreiras no sudoeste da França. Todos esses lagos foram formados sem a presença próxima de qualquer fonte desse tipo de peixe.
Muitos desses lagos artificiais são inacessíveis aos pescadores. E os que conseguiram chegar a alguns desses lagos, introduziram outras espécies mais apreciadas, como a carpa.
Mas foi outra observação científica que aumentou o mistério: depois de analisar mais de 500 percas, os especialistas descobriram que os espécimes desses locais fechados e isolados tinham o mesmo "passaporte genético" dos peixes presentes em lagos naturais distantes.
O papel do pato de colarinho (ou pato selvagem), muito comum naquela região e em toda a Europa, parece ser decisivo.
Este pato e outras aves, como a galinha-d'água, passam o inverno (boreal) nestes lagos naturais, justamente na época em que as percas se reproduzem, graças à temperatura muito fria da água.
Milhões de ovos desse peixe flutuam na superfície do lago, formando longas fitas gelatinosas de até 1,50 m de comprimento. Esses filamentos ficam presos nas patas das aves ou são engolidos. Estudos científicos recentes mostraram que alguns ovos de peixe sobrevivem ao trânsito intestinal dos animais.
Metade das colonizações detectadas ocorre a menos de 2 km de distância, o que respalda a tese desse transporte aéreo.
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