Todos os contraceptivos hormonais aumentam risco de câncer de mama, aponta estudo

O risco de uma mulher desenvolver câncer de mama é quase o mesmo entre os contraceptivos que contêm estrogênio e progesterona e aqueles que contêm apenas progesterona

Todos os contraceptivos hormonais resultam em um risco levemente maior para o câncer de mama, incluindo os que contêm apenas progesterona, cada vez mais usados, aponta estudo publicado nesta terça-feira (21).

Os pesquisadores que conduziram o estudo enfatizaram que o aumento do risco de câncer de mama deve ser ponderado em relação aos benefícios dos contraceptivos hormonais, incluindo a proteção que eles oferecem contra outros tipos de câncer feminino.

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O aumento do risco de câncer de mama já era bastante conhecido em relação aos anticoncepcionais que combinam progesterona e estrogênio, mas, embora o uso de contraceptivos contendo apenas progesterona venha aumentando há mais de uma década, até agora poucas pesquisas se concentraram em seu efeito específico no risco de câncer de mama.

O novo estudo, publicado na revista "PLOS Medicine", observou que o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama é quase o mesmo entre os contraceptivos que contêm estrogênio e progesterona e aqueles que contêm apenas progesterona.

Segundo a pesquisa, as mulheres que usam contraceptivos hormonais têm um risco aumentado de cerca de 20% a 30% de desenvolver câncer de mama, independentemente do método escolhido (pílula, DIU, implante ou injeção) ou da fórmula usada (estrogênio-progesterona ou apenas progesterona).

As descobertas são semelhantes às já publicadas, inclusive em um amplo estudo de 1996. Levando em conta que as chances de se desenvolver câncer de mama aumentam com a idade, os autores do estudo calcularam o excesso de risco absoluto associado aos contraceptivos hormonais.

Para as mulheres que tomaram contraceptivos hormonais durante um período de cinco anos entre os 16 e os 20 anos, isso representou oito casos de câncer de mama a cada 100.000. Entre os 35 e 39 anos, foram 265 casos a cada 100.000.

Impacto do uso 

"Ninguém quer ouvir que algo que toma aumentará o risco para câncer de mama", disse Gillian Reeves, professora da Universidade de Oxford e coautora do estudo. Mas "o que estamos falando aqui é de um aumento muito pequeno no risco absoluto", enfatizou, em entrevista coletiva.

"Esses aumentos no risco de câncer de mama, claro, têm que ser vistos no contexto do que sabemos sobre os muitos benefícios do uso de contraceptivos hormonais, não apenas em termos de controle de natalidade, mas também porque sabemos que os contraceptivos orais, na verdade, oferecem uma proteção substancial e a longo prazo contra outros cânceres femininos, como os de ovário e endométrio", acrescentou a professora.

O estudo também confirmou, assim como outros, que o risco de câncer de mama diminui nos anos posteriores à interrupção do uso de contraceptivos hormonais.

Stephen Duffy, professor da Universidade Queen Mary de Londres, que não participou do estudo, descreveu as descobertas como "tranquilizadoras, porque o efeito é modesto".

O estudo envolveu dados de quase 10.000 mulheres com menos de 50 anos que tiveram câncer de mama entre 1996 e 2017 no Reino Unido, onde o uso de contraceptivos contendo apenas progesterona é tão amplo quanto o do método combinado.

Os anticoncepcionais exclusivamente de progesterona são recomendados para mulheres que estejam amamentando, que têm risco de problemas cardiovasculares, ou para fumantes com mais de 35 anos.

Entre os fatores que explicam o aumento do seu uso pode estar o fato de "as mulheres estarem tomando anticoncepcionais mais tarde", o que faz com que, naturalmente, apresentem essas condições em maior quantidade, indicou Gillian Reeves.

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