Lula busca demarcar 'logo' novas terras indígenas no Brasil
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assegurou, nesta segunda (13), que tem a intenção de demarcar novas terras indígenas "logo", processo que parou durante o mandato de seu antecessor, Jair Bolsonaro.
"Venho pedindo para o ministério e para a Funai me mostrar todas as terras que estão prontas para serem demarcadas. Porque a gente precisa demarcá-las logo, antes que as pessoas se apoderem dela (...) antes que inventem documentos falsos", disse Lula durante uma assembleia de líderes indígenas no estado de Roraima.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
"Então nós precisamos rapidamente tentar legalizar todas as terras que já estão quase todos prontos os estudos para que os indígenas possam ocupar o território que é deles", insistiu o mandatário de esquerda.
É comum que, na Amazônia brasileira, indivíduos usurpem terras para desmatá-las e assim reclamá-las oficialmente usando documentos falsos.
A aprovação de novas terras indígenas pode "ajudar a gente a cuidar daquilo que passa a ser um bem precioso para nós, que é a necessidade da gente cuidar do clima, porque se a gente não cuida do clima, a humanidade vai desaparecer por irresponsabilidade", assegurou Lula, de 77 anos, que governou o país entre 2003 e 2010.
"Os indígenas não estão ocupando terras de outros, estão apenas lutando para recuperar o que era seu e os invasores lhe tiraram desde 1500", ano da chegada dos primeiros colonizadores portugueses ao Brasil, acrescentou o chefe de Estado.
No Brasil vivem cerca de 800.000 indígenas, a maioria em reservas ambientais que ocupam 13,75% do território nacional, de acordo com o último censo, de 2010.
Pouco antes de iniciar seu mandato (2019-2022), Bolsonaro havia prometido "não ceder nem um centímetro a mais" às terras indígenas, e o processo de aprovação de novas reservas ficou paralisado por quatro anos. Sob sua presidência, o desmatamento anual médio na Amazônia também aumentou 75% em relação à década anterior.
De volta ao poder em janeiro, Lula mobilizou as agências de proteção ambiental, relançou um programa nacional de proteção da floresta e reuniu apoio internacional para reativar o Fundo Amazônia.
Porém, as cifras oficiais revelam que o governo tem um grande desafio adiante.
O desmatamento na Amazônia em fevereiro (322 km²) aumentou 62% em relação a fevereiro de 2022, um recorde para esse mês do ano.
Organizações ambientais por agora se mostram pacientes com as novas autoridades, enquanto aguardam os dados da temporada seca, que começa em julho, quando o desmate tende a aumentar.