Miss Dior se rebela com moda ultrafeminina em Paris

Saias midi, cinturas marcadas, estampas florais, luvas e saltos: a mulher Dior extrai sua força de um guarda-roupa ultrafeminino, inspirado nos anos 1950 e imbuído do espírito punk, em sua nova coleção, apresentada nesta terça-feira (28), na Semana de Moda de Paris.

"Esses anos são muito importantes para a Maison, criada em 1947. Também queria fazer uma coleção inspirada em Paris, porque temos uma ideia melhor do que aconteceu nos Estados Unidos na década de 1950", disse à AFP a estilista italiana das coleções femininas da Dior, Maria Grazia Chiuri.

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Foi nessa época que Christian Dior inventou a famosa silhueta, batizada de New Look, para a mulher do pós-guerra, simbolizada por tailleurs ajustados com saias rodadas na altura dos joelhos.

Mas o que mais interessa a Maria Grazia Chiuri são as mulheres que vestiam essas peças no contexto do "fervor intelectual" da época, após a conquista do direito ao voto e a publicação de 'O Segundo Sexo", de Simone de Beauvoir.

Depois da coleção de alta-costura que celebrou Joséphine Baker em janeiro, a atual, de prêt-à-porter, foi inspirada em três clientes da marca: a irmã do estilista, Catherine Dior, resistente, florista e empresária, que se recusava a se casar; a musa dos existencialistas, Juliette Gréco; e a cantora Edith Piaf. "Além de muito elegantes, elas tinham uma atitude meio punk", destacou Maria Grazia.

No desfile, as modelos evoluem ao som de "Je Ne Regrette Rien", na cenografia sinuosa de uma flor gigante concebida pela artista portuguesa Joana Vasconcelos. Batizada de "Miss Dior Valkyrie", ela evoca o espírito de Catherine Dior, "uma mulher forte e sensível", explica a artista.

"Ao contrário da ideia que temos de uma Miss Dior romântica e frágil, na verdade trata-se de uma mulher bastante forte e independente, que faz coisas muito importantes em sua vida", ressaltou Maria Grazia. Essas três musas, com perfis diferentes, "dão uma ideia completamente diferente da Paris dos anos 1950".

Para o outono-inverno 2023, essa feminilidade rebelde e contra a corrente irá se expressar por meio de materiais inovadores, para tornar a linha menos rígida, e de estampas florais reinterpretadas em uma textura que apaga os contornos do corpo.

Vestidos e saias pretos são produzidos em tecido de alta-costura, com fios de inox, que criam um efeito de relevo e enrugado.

"Esse relevo elimina totalmente a ideia do New Look, que é rígido, e cria algo que se adapta a cada corpo e permite uma reinterpretação muito mais suave e pessoal dos anos 1950", explicou Maria Grazia.

O salto no formato de vírgula se impõe em sapatos de bico fino. São usados com meias que revelam o contorno das pernas, uma evolução para a criadora italiana, que, antes, via o salto como algo antifeminista, embora tenha começado a introduzi-lo em propostas anteriores.

Atualmente, "existe muito mais liberdade, e já não é mais necessário usar salto" para se impor no mundo do trabalho, considerou a estilista, ressaltando que sua coleção também propõe botas sem salto: "Gosto de criar coleções para todas as ocasiões."

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