Ucrânia admite situação muito tensa na região de Bakhmut, cercada pela Rússia
08:59 | Fev. 28, 2023
O exército da Ucrânia afirmou nesta terça-feira (28) que a situação é "extremamente tensa" ao redor de Bakhmut, cidade cercada do leste do país, onde os combates se concentram e que os russos tentam controlar há vários meses.
Desde o verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), as tropas de Moscou tentam tomar Bakhmut, uma cidade que virou um símbolo da luta pelo controle da região do Donbass (leste).
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que visitou a região em dezembro, prometeu defender a cidade "pelo tempo que for necessário".
"A situação ao redor de Bakhmut é extremamente tensa. Apesar de sofrer baixas significativas, o inimigo enviou as unidades de ataque melhor preparadas (do grupo paramilitar) Wagner para tentar romper as defesas de nossas tropas e cercar a cidade", reconheceu o comandante das forças terrestres da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi.
O fundador do grupo Wagner, Yevgueny Prigozhin, anunciou no sábado a tomada por seus combatentes da localidade de Yahidne, na periferia norte de Bakhmut. Em janeiro, os russos controlaram Soledar e em fevereiro Krasna Gora, também no norte.
Nas últimas semanas, as tropas russas avançaram lentamente em direção à cidade industrial, que tinha 70.000 habitantes antes da invasão, que começou em 24 de fevereiro de 2022.
Os russos cortaram três das quatro rodovias de abastecimento das tropas ucranianas. Agora resta apenas como via de saída a estrada que segue para Chasiv Yar, 15 km ao oeste.
Bakhmut foi destruída em larga escala pelos combates. O governador da região de Donetsk (leste), Pavlo Kyrylenko, anunciou em meados de fevereiro que pelo menos 5.000 civis, incluindo 140 menores de idade, permaneciam na cidade, apesar do perigo dos combates.
Zelensky admitiu na segunda-feira que a situação das tropas do país na região de Bakhmut está "cada vez mais complicada".
Os militares ucranianos presentes na cidade entrevistados pela AFP na segunda-feira declararam, no entanto, que não perdem a moral.
"Não podemos saber toda a situação operacional, mas estamos aqui, não fugimos", disse um soldado de 44 anos, identificado apenas como "Kai".
"Não apenas Bakhmut, também vamos recuperar a Crimeia e tudo mais", acrescentou "Ded", 45 anos.
"Fox" se mostrou mais realista: "Entendo contra qual país estamos lutando (...) Eles têm pessoas inteligentes lá, pessoas que sabem como combater. Eles pensam, estão aprendendo, assim como nós", disse o militar de 40 anos.
O 'Institute for the Study of War' destacou que a Rússia "aplica novas táticas de ataque', com equipes menores e com mais mobilidade.
O Estado-Maior ucraniano também informou nesta terça-feira combates em outros pontos da frente de batalha: em Kupiansk (nordeste), Avdiivka, perto do reduto separatista de Donetsk, e Lyman, uma cidade do leste retomada dos russos em setembro.
Os confrontos acontecem pouco depois de a guerra na Ucrânia completar um ano.
Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, Moscou é alvo de uma avalanche de sanções por parte das potências ocidentais. E Kiev conseguiu infligir graves reveses aos russos na frente de batalha, graças à ajuda militar e financeira de seus aliados.
A respeito do apoio militar e de uma adesão da Ucrânia à Otan, reclamada com insistência por Kiev, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, afirmou nesta terça-feira que a ex-república soviética será um membro da aliança, mas "a longo prazo".
"Os países da Otan concordam que a Ucrânia se torne membro da aliança, mas ao mesmo tempo é uma perspectiva de longo prazo", disse Stoltenberg durante uma visita à Finlândia, outro país candidato à adesão.
A entrada da Ucrânia na Otan é uma linha vermelha absoluta para Moscou, que usou exatamente a possível adesão para justificar sua invasão.
"A questão agora é garantir que a Ucrânia continue sendo uma nação independente e soberana e, para isso, temos que apoiar a Ucrânia", disse Stoltenberg aos jornalistas.
"A guerra do presidente Putin na Ucrânia continua, e não há sinal de que ele vá mudar seus planos. Quer controlar a Ucrânia e não está se preparando para a paz, mas para mais guerra", insistiu o chefe da aliança militar ocidental.
"Devemos encontrar marcos que garantam que o presidente Putin e a Rússia não vão voltar a invadir a Ucrânia", disse ele ao lado da primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin.
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