ONG pede ação da França ante Brasil e Suriname contra a mineração ilegal na Guiana

O escritório francês da ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF) pediu ao presidente Emmanuel Macron nesta quarta-feira (22) uma "ação diplomática urgente" frente ao Brasil e o Suriname para impedir a mineração ilegal de ouro, fonte de contaminação na Guiana Francesa.

"A WWF France pede ao presidente Emmanuel Macron uma ação diplomática urgente para fortalecer a cooperação entre Brasil, Suriname e França", disse a ONG de proteção ambiental em um comunicado.

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A mineração ilegal de ouro, praticada por cerca de 6 mil pessoas na Guiana, segundo a Prefeitura local, utiliza mercúrio, metal tóxico que contamina solos e cursos d'água e promove o desmatamento.

O combate a esse fenômeno é dificultado por seu caráter transfronteiriço, já que o garimpo ilegal opera nas duas margens dos rios Oiapoque e Maroni, fronteiras entre o departamento francês e, respectivamente, Brasil e Suriname.

"Na bacia do Maroni, a chave do tráfico é a cooperação transfronteiriça. 95% do pessoal envolvido na mineração ilegal de ouro é originário do Brasil e 80% da logística é realizada pelas margens surinamesas do rio Maroni", observa o WWF.

"Pôr fim à mineração ilegal de ouro requer necessariamente uma resposta estatal conjunta do Suriname, Brasil e França", acrescentou a ONG.

Na última visita ao território, em 2017, Emmanuel Macron prometeu "condicionar a nossa ajuda e as nossas relações diplomáticas" com o Brasil e o Suriname à "cooperação policial e judicial contra o garimpo ilegal" de ouro.

"Foi constatado que os compromissos acordados não foram capazes de reverter a tendência", disse Laurent Kelle, chefe do escritório do WWF na Guiana, citada no comunicado.

A ONG não enviou uma carta formal à Presidência francesa, disse uma porta-voz à AFP.

Em 2022, as autoridades francesas realizaram mais de 1.000 patrulhas contra a mineração ilegal na floresta e apreenderam 59 quilos de mercúrio e 5 quilos de ouro, segundo o balanço da Prefeitura.

O presidente Lula retomou a repressão ao garimpo ilegal na Amazônia, após suceder Jair Bolsonaro, abertamente hostil à proteção ambiental.

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