Grupo de mulheres acusa religiosas holandesas de trabalho forçado

15:08 | Fev. 17, 2023

Por: AFP

Um grupo de 19 holandesas acusou, nesta sexta-feira (17), uma ordem de religiosas católicas de submetê-las a trabalhos forçados e de terem sido "trancadas" em conventos, quando eram jovens em situações vulneráveis.

O caso afeta cerca de 15.000 adolescentes que estiveram sob a guarda das "Irmãs do Bom Pastor" na Holanda, entre 1951 e 1979, e está sendo examinado por um tribunal de Haarlem. Uma decisão sobre o caso será emitida em abril.

Hoje com idades entre 62 e 91 anos, as mulheres afirmam que foram colocadas sob a guarda dessa ordem, quando eram "adolescentes em situações difíceis".

Eram, então, forçadas a trabalhar seis dias por semana, muitas vezes por longas jornadas, costurando itens para serem vendidos, lavando ou passando roupa.

"Bom Pastor é responsável pela violação de um dos direitos humanos mais fundamentais que conhecemos: a proibição do trabalho forçado, ou compulsório", denunciou sua advogada, Liesbeth Zegveld.

"À primeira vista, o Bom Pastor estava prestando um serviço à sociedade, ao governo e às meninas, oferecendo um lar para o que chamava de 'mulheres caídas'", disse a advogada perante a Justiça.

"Na realidade, prendeu centenas de mulheres e as obrigou a trabalhar", frisou.

Seis mulheres deram seu testemunho nesta sexta-feira. Uma delas contou, no tribunal, que ela havia se transformado "em um robô, seguindo todas as ordens das freiras e trabalhando dia após dia sem descanso".

Segundo escreveram seus advogados em documentos judiciais, suas clientes são parte das "milhares de mulheres jovens em vários países que foram gravemente maltratadas pela ordem, ao serem submetidas a trabalhos forçados em escala industrial".

A Ordem do Bom Pastor rejeita as acusações e defende que o método das freiras foi "retirado do contexto da época". Os advogados alegam, por sua vez, que as ações prescreveram.

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