Filme de terror com Winnie the Pooh provoca polêmica nos EUA

De acordo com a lei americana, os direitos autorais expiram 95 anos depois da primeira publicação de uma obra

O Ursinho Pooh é conhecido como um ursinho fofo, mas ele acabou de passar por uma transformação aterrorizante como o vilão que empunha uma faca em um novo filme de terror encharcado de mel... e sangue.

A impactante reinvenção do personagem Pooh teve sua estreia mundial em janeiro no México, onde arrecadou quase US$ 1 milhão em duas semanas, e alguns analistas do setor dizem que pode quebrar recordes de bilheteria.

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O filme, que estreia nos cinemas americanos na próxima semana e tem estreia marcada para 2 de março na Argentina, já provocou ameaças de morte por parte de fãs furiosos e pode testar os limites da lei de direitos autorais.

"Isso é loucura", disse à AFP Rhys Frake-Waterfield, diretor de "Winnie the Pooh: Honey and Blood".

"Recebi abaixo-assinados para parar o filme. Recebi ameaças de morte. Tem gente que diz que chamou a polícia", conta o cineasta, de 31 anos.

Embora as aventuras de Pooh e de seus amigos Leitão, Bisonho e Tigrão na telona tenham sido autorizadas sob licença para a Disney por décadas, os direitos autorais dos primeiros livros de A.A. Milne expiraram recentemente, e o pequeno estúdio independente britânico Frake-Waterfield aproveitou a oportunidade.

As primeiras imagens de "Honey and Blood" ("Mel e sangue", em tradução literal), nas quais os sinistros Pooh e Leitão de tamanho humano pairavam ameaçadores atrás de uma jovem relaxando em uma banheira de hidromassagem, rapidamente se tornaram virais no ano passado.

Agora, o filme com atores de carne e osso, feito com orçamento inferior a US$ 250 mil, aposta em uma grande estreia mundial.

Inicialmente, Frake-Waterfield esperava uma difusão muito limitada, mas agora pensa que pode ultrapassar o filme de terror "Atividade Paranormal", de 2009, que mal custou US$ 15.000 e esteve na origem de uma saga que arrecadou mais de US$ 1 bilhão, tornando-se um dos mais lucrativos da história do cinema.

"Acreditei muito nessa ideia. Outros não (...) e agora está indo muito bem", diz o cineasta, com um sorriso.

De acordo com a lei americana, os direitos autorais expiram 95 anos depois da primeira publicação de uma obra.

O primeiro livro "Winnie the Pooh" foi lançado em 1926. Somente esta versão é de domínio público. Para além dos direitos autorais, que impedem a cópia não autorizada de uma obra criativa, mas que são limitados no tempo, o longa-metragem passa por cima da lei de marcas registradas.

A licença da Disney, renovável indefinidamente, proíbe o lançamento de um produto relacionado com o ursinho e que possa ser confundido com o original. Neste caso, o absurdo de um Pooh como protagonista de um filme de terror ajuda os produtores do filme.

"Não se pode sugerir que esteja, de alguma forma, patrocinado, afiliado, ou associado à Disney", disse o advogado de direitos autorais Aaron J. Moss.

"Simplesmente porque é muito pouco adequado para famílias, e não é algo que (os espectadores) esperariam que a Disney estivesse envolvida. Portanto, qualquer possível reivindicação de marca registrada em potencial é muito mais difícil de provar", explicou.

Frake-Waterfield disse que nunca teve a intenção de se aproximar do Pooh da Disney.

"Pelo contrário. (...) Quero que o Ursinho Pooh seja grande, ameaçador, assustador, intimidador e horrível. Não quero que ele seja pequeno, fofo e lindo", completou.

No filme, Winnie e Leitão são abandonados por seu amigo Christopher Robin. Decepcionados e enfurecidos, eles se envolvem em uma espiral de loucura assassina.

Independentemente de sua qualidade, a publicidade em torno do longo chegou a um nível tal que Frake-Waterfield já está preparando uma sequência, assim como filmes de terror baseados nos livros de "Bambi" e "Peter Pan".

 



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