Microsoft incorpora inteligência artificial da OpenAI ao motor de buscas Bing
A Microsoft vai incorporar as poderosas ferramentas da inteligência artificial baseadas na linguagem ao seu motor de buscas Bing, anunciou, nesta terça-feira (7), o diretor-executivo da gigante da tecnologia, Satya Nadella, prevendo o que chamou de uma "nova era" para as buscas na internet.
"A corrida começa hoje", afirmou o CEO da Microsoft em alusão à concorrente, Google, que há duas décadas domina amplamente o mercado de buscas on-line e agora será desafiada pela tecnologia do 'chatbot' ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, capaz de gerar todo tipo de texto a pedido dos usuários.
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O anúncio da Microsoft era esperado desde o ano passado, quando o sucesso do ChatGPT para além dos círculos tecnológicos impôs a chamada inteligência artificial (IA) "generativa" como uma tendência fundamental.
A internet "nasceu nos computadores pessoais", "evoluiu com os dispositivos móveis e a nuvem", e agora a inteligência artificial "vai transformar a web por completo", a começar pelas buscas, afirmou Nadella durante uma coletiva de imprensa, cujo tema foi mantido em sigilo até o último minuto.
Em 2019, a Microsoft investiu um bilhão de dólares na OpenAI e acaba de fechar um novo acordo bilionário com a startup sediada na Califórnia e fundada em 2015.
Até então, esta empresa era conhecida apenas em círculos restritos por dois softwares de criação automatizada: o DALL-E, para a geração de imagens, e o GPT-3, para a criação de textos.
O ChatGPT, que se baseia no GPT-3, é apresentado como um chatbot e produz ensaios, poemas e códigos de programação em questão de segundos.
"Integramos o modelo de IA ao nosso principal motor de buscas e temos visto o salto mais significativo na taxa de resultados relevantes em duas décadas", disse Yusuf Mehdi, um dos vice-presidentes da Microsoft.
Mehdi demonstrou como a nova tecnologia vai, segundo ele, transformar o Bing, em particular com respostas diretas às perguntas dos internautas, ao invés de simples links que remetam a outras páginas na internet.
Mehdi comparou a IA a um "copiloto" para os usuários, que podem falar diretamente com o 'chatbot' integrado.
Os avanços da OpenAI voltaram a pôr a Microsoft na corrida pela inovação, o que preocupa sua concorrente, Google, que, segundo informes, declarou que o sucesso maciço do ChatGPT era uma ameaça para a empresa.
Na segunda-feira, a Google se antecipou ao anúncio da Microsoft e disse que estava prestes a disponibilizar sua própria versão do ChatGPT, um robô chamado Bard, que também daria respostas quase imediatas sob demanda.
Em dezembro, a Google detinha cerca de 84% do mercado de buscas on-line, contra 9% do Bing, segundo a Statista. Em um ano, o motor de buscas da Microsoft comeu 2% da supremacia da gigante da indústria.
"Uma integração maior do ChatGPT e dos algoritmos no Bing poderia, no futuro, alterar o equilíbrio de forças neste mercado a favor de Redmond", disse o analista Dan Ives, da Wedbush, em alusão à Microsoft, cuja sede fica em Redmond, no noroeste dos Estados Unidos.
A Microsoft já começou a integrar tecnologias da OpenAI às suas próprias ferramentas.
Em outubro, a empresa apresentou o Designer, um novo software baseado no DALL-E, o gerador de imagens da OpenAI.
Ele deveria permitir "gerar instantaneamente uma variedade de desenhos com pouquíssimo esforço", disse, em nota à imprensa, Liat Ben-Zur, vice-presidente da Microsoft.
"Qualquer um pode ser um criador com as ferramentas adequadas. Quase 20 milhões de consumidores americanos produzem conteúdo on-line e geram renda", acrescentou.
A Microsoft planeja integrar o Designer no Edge, seu navegador da internet, muito menos usado do que o Chrome, da Google, ou o Safari, da Apple.
A empresa de Redmond também desenvolveu o Copilot, um serviço pago lançado em junho de 2022 para ajudar os engenheiros a criarem códigos informáticos com a ajuda da inteligência artificial da OpenAI.
E recentemente adicionou o GPT-3.5 à plataforma profissional Teams para tornar as reuniões mais "inteligentes e personalizadas", incluindo resumos gerados automaticamente.
Esta nova estratégia chega em um momento delicado para a Microsoft que, assim como a maioria das grandes empresas de tecnologia, anunciou há pouco um plano de reestruturação maciça: em meados de janeiro, disse que cerca de 10.000 funcionários serão demitidos até o fim de março (quase 5% da mão de obra da empresa).
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