Balão que sobrevoou América Latina é chinês, confirma Pequim

Pequim confirmou nesta segunda-feira (6) que o balão detectado sobrevoando a América Latina é chinês, enquanto os Estados Unidos tentam recuperar os restos de um dispositivo semelhante derrubado em seu espaço aéreo no fim de semana.

A China expressou indignação com a decisão dos Estados Unidos de derrubar uma primeira sonda detectada em seu território. Pequim insiste em que se trata de um dispositivo meteorológico que saiu da rota.

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Após a detecção do primeiro balão que sobrevoou os Estados Unidos, Washington cancelou uma viagem à China do secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Nesta segunda-feira, Pequim reconheceu que o segundo balão, detectado sobre a América Latina no fim de semana, também é chinês.

O Ministério das Relações Exteriores da China explicou, nesta segunda, que o objeto tem finalidades civis e é usado para um teste de voo.

Devido às "forças meteorológicas e à sua capacidade de manobra limitada, o dirigível se desviou seriamente de sua rota programada" e "acidentalmente dirigiu-se para a América Latina e o Caribe", disse um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Mao Ning.

"A China é um país responsável e sempre respeitou, rigorosamente, o Direito Internacional", acrescentou.

"Entramos em contato com as partes relevantes e estamos lidando [com a questão] de forma adequada. Não causaremos nenhuma ameaça a nenhum país", continuou.

A declaração da China veio três dias depois de o Pentágono alertar que um segundo balão espião suspeito da China havia sido detectado sobrevoando a América Latina.

A Força Aérea colombiana indicou, por sua vez, que "um objeto" com "características semelhantes às de um balão" foi detectado e monitorado "até deixar o espaço aéreo".

O Departamento de Defesa dos EUA não deu detalhes sobre a localização do dispositivo identificado na América Latina, nem para onde estava indo.

No sábado (4), a aviação americana derrubou, com um míssil, o primeiro balão chinês na costa da Carolina do Sul, no sudeste do país.

As autoridades do Pentágono descreveram o dispositivo como um "balão de vigilância de grande altitude", e os Estados Unidos disseram que tomaram medidas para impedir que ele coletasse informações confidenciais.

Pequim acusou os Estados Unidos de "exagerarem", por meio do uso da força, e disse que "se reserva o direito" de tomar represálias.

Nos Estados Unidos, a oposição republicana criticou o presidente Joe Biden por não ter dado uma resposta mais firme e rápida.

O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, defendeu a ação do governo, afirmando que ela permite "maximizar a coleta de informações".

Schumer informou que o Senado receberá um relatório confidencial em 15 de fevereiro.

Ao ser questionado, em entrevista à emissora ABC, se pessoas do Exército chinês podem ter desejado interromper a visita de Blinken, o ex-chefe do Estado-Maior americano Mike Mullen disse: "Claramente, acho que é esse o caso".

Ele também subestimou a versão de que o balão se desviou de seu curso.

"Não foi um acidente, foi deliberado", afirmou.

A visita de Blinken seria a primeira de um chefe da diplomacia americana à China desde a de Mike Pompeo em 2018, ainda no governo de Donald Trump.

Desde o cancelamento da viagem de Blinken e a derrubada do primeiro avião, a China abandonou o tom conciliador inicialmente adotado para se manifestar com maior indignação.

Nas ruas de Pequim, Li Yize, de 23 anos, disse à AFP que acredita que a decisão de Washington de derrubar o balão "é uma forma de os Estados Unidos mostrarem seu poderio militar".

Um homem idoso, que se identificou como Xu, disse que "a China é muito magnânima".

"Os aviões militares de reconhecimento dos Estados Unidos costumam passar pela costa chinesa", disse ele.

"Mas a China é tolerante, não dá muita importância a isso", acrescentou.

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