Alemanha promete apoio financeiro ao Brasil para preservar meio ambiente
A Alemanha prometeu uma ajuda financeira para preservar o meio ambiente no Brasil, durante uma visita do chanceler Olaf Scholz para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou diante do líder europeu que o país não irá enviar munição à Ucrânia para a guerra contra a Rússia.
A Alemanha pretende destinar ao Brasil um total de 200 milhões de euros (US$ 217 milhões) em "medidas de cooperação", que contemplam, além do Fundo Amazônia, 31 milhões de euros (US$ 33,6 milhões) para estados amazônicos brasileiros para "projetos de proteção e uso sustentável das florestas", assim como um empréstimo de 80 milhões de euros (US$ 87 milhões) com taxas menores para que os agricultores reflorestem suas terras.
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"É uma grande quantia" e "continuaremos [cooperando] nesse sentido", disse posteriormente Scholz em coletiva de imprensa após o encontro com Lula. "Temos um grande objetivo em comum, que é avançar na proteção climática, proteger a floresta amazônica e isso só é possível com cooperação", acrescentou.
Assim como a Noruega, a Alemanha havia interrompido sua cooperação neste fundo devido à falta de compromisso do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro com a proteção da Amazônia.
Outras medidas anunciadas foram o apoio financeiro a um fundo "garantidor de eficiência energética" para pequenas e médias empresas (EUR 29,5 milhões, US$ 32 milhões), dois projetos de "cadeia de abastecimento sustentável" (EUR 9 milhões, US$ 9,7 milhões), um "projeto de consultoria para a promoção das energias renováveis na indústria e transportes" (EUR 5,3 milhões, US$ 5,7 milhões).
Por fim, acordou-se o financiamento de um projeto de "reflorestamento de áreas degradadas" por 13,1 milhões de euros (US$ 14,2 milhões), segundo um comunicado divulgado pela embaixada alemã.
"O Brasil é o pulmão do mundo. Se existem problemas, todos temos que ajudar", disse a ministra de Cooperação Svenja Schulze, após se reunir em Brasília com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Marina acrescentou que a Alemanha está disposta a "cooperar" com o Brasil, tanto com o aumento "dos recursos para o Fundo Amazônia" como com a "abertura de mercados para produtos sustentáveis".
A ministra manifestou que parte dos recursos do Fundo Amazônia poderiam ser utilizados em ações "emergenciais" de assistência a comunidades indígenas, como no caso dos Yanomami, cujo território foi declarado sob emergência sanitária pelo governo Lula, devido ao aumento de casos de desnutrição e doenças causadas pelo avanço do garimpo.
- Guerra na Ucrânia -
A de Scholz é a primeira visita oficial de um chefe de governo alemão ao Brasil desde 2015. Ele é o primeiro líder de uma potência ocidental a se encontrar com Lula desde que o presidente tomou posse, em 1º de janeiro.
Em entrevista coletiva com o líder europeu no Palácio do Planalto, Lula disse que o Brasil "não tem interesse em passar munições para que sejam usadas entre Ucrânia e Rússia".O presidente manifestou preocupação com o conflito europeu, que já dura quase um ano, mas ressaltou que o país não quer nenhuma participação, no momento em que várias nações ocidentais decidiram enviar tanques modernos em apoio a Kiev.
"O Brasil é um país de paz", afirmou Lula. "Minha sugestão é que a gente crie um grupo de países que sente na mesa com a Ucrânia e a Rússia para tentar chegar à paz", disse.
O presidente indicou que, além de Scholz, conversou com seu par francês, Emmanuel Macron, sobre essa proposta, que chamou de "clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta".
Também discutirá o tema com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, com quem tem visitas oficiais previstas para fevereiro e março, respectivamente.
- Acordo Mercosul-UE -
Além disso, Lula e Scholz, líderes das maiores economias da América Latina e Europa, respectivamente, também conversaram sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, selado em 2019, após duas décadas de negociações, mas sem aprovação parlamentar e com fortes críticas de ambos os lados.
"Quero dizer ao chanceler Olaf Scholz que vamos fechar esse acordo. Se tudo der certo, quem sabe até o meio deste ano, até o fim deste semestre", indicou o presidente, acrescentando que o país espera introduzir mudanças, embora tenha prometido "abertura" nas negociações.
Scholz chegou ao Brasil depois de visitar e se reunir com os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Chile, Gabriel Boric, com o objetivo de ampliar o comércio bilateral, o fluxo de investimentos e o financiamento de projetos nos países sul-americanos. Em Buenos Aires, Scholz disse que o objetivo de Berlim é "chegar a uma conclusão rápida" do acordo Mercosul-UE.
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