Novo ataque em Jerusalém Oriental eleva a tensão entre israelenses e palestinos

Atentados acontecem em um momento de escalada da violência, após uma das operações mais letais do exército israelense que terminou com nove palestinos mortos

Um palestino de 13 anos abriu fogo e feriu dois homens neste sábado (28) em Jerusalém Oriental, um dia após as mortes de sete pessoas em um tiroteio executado por outro palestino diante de uma sinagoga na mesma localidade, um dos piores ataques contra Israel nos últimos anos.

Os atentados acontecem em um momento de escalada da violência, que acelerou na quinta-feira, após uma das operações mais letais do exército israelense na Cisjordânia ocupada em quase duas décadas, que terminou com nove palestinos mortos.

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O ataque deste sábado aconteceu no bairro palestino de Silwan, fora do muro que demarca a Cidade Antiga, em Jerusalém Oriental, zona anexada por Israel desde 1967.

Fontes médicas e policiais são um homem de 47 anos e seu filho de 23 anos, ambos feridos por tiros "na parte superior do corpo".

O agressor foi "ferido e neutralizado" pelas forças de segurança e identificado como um "residente de 13 anos de Jerusalém Oriental", informou a polícia.

Algumas horas antes, a polícia anunciou 42 detenções relacionadas com o ataque de sexta-feira, cometido por um palestino de 21 anos que abriu fogo contra pessoas reunidas na saída de uma sinagoga durante o shabat. O atirador matou sete israelenses.

O massacre aconteceu no Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou a sinagoga na sexta-feira à noite e foi recebido por dezenas de pessoas aos gritos de "morte aos árabes".

O deputado Mickey Levy, do partido centrista Yesh Atid (oposição), advertiu que a nova onda de violência recorda a segunda Intifada, a revolta palestina de 2000 a 2005 que provocou mortes dos dois lados.

"O que aconteceu há 20 anos está começando a se repetir agora", disse à AFP.

"Temos que sentar, pensar como podemos avançar e deter esta situação", acrescentou.

O chefe de polícia de Israel, Kobi Shabtai, classificou o massacre na sinagoga como "um dos piores ataques" dos últimos anos.

A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, afirmou em um comunicado que Israel é "plenamente responsável pela escalada perigosa".

O grupo libanês Hezbollah, um dos principais inimigos de Israel, considerou o ataque de sexta-feira "heroico" e expressou "apoio absoluto a todas as medidas adotadas pelas facções da resistência palestina".

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos dois lados que "evitem a qualquer custo uma espiral de violência". A Rússia defendeu "máxima moderação".

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajará à região na próxima semana e discutirá "os passos necessários para reduzir as tensões", informou um porta-voz do Departamento de Estado.

Várias nações árabes que têm relações com Israel - incluindo Egito, Jordânia e Emirados Árabes Unidos - condenaram o atentado de sexta-feira.

Israel descreveu a operação de quinta-feira de suas tropas no campo de refugiados de Jenin, norte da Cisjordânia, como uma operação "antiterrorista", contra combatentes da Jihad Islâmica.

O grupo Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica prometeram represálias e na sexta-feira lançaram foguetes contra o território israelense.

Muitos projéteis foram derrubados pela defesa antiaérea de Israel, mas o exército respondeu com bombardeios contra Gaza.

O autor do ataque contra a sinagoga foi morto pela polícia após uma rápida perseguição.

Não há indícios de envolvimento anterior do atirador em atividades militantes ou de que seria membro de um grupo armado palestino estabelecido.

Shimon Israel, que mora perto da sinagoga, disse que estava jantando quando ouviu "tiros e gritos".

"Um homem parou (o veículo) para ajudar. Ele foi atingido por um tiro na cabeça e morreu aqui, ao meu lado", disse.

"A polícia deteve 42 suspeitos para interrogatório, incluindo alguns membros da família do terrorista", anunciou a força de segurança.

A polícia também informou que após o ataque entrou em estado de "alerta máximo".

Israel anexou a área de Jerusalém Oriental depois da Guerra dos Seis Dias em 1967. Os palestinos consideram a cidade como a capital do Estado que aspiram estabelecer.

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