Hollywood tornou 'totalmente disfuncional', diz Shyamalan

Hollywood se tornou "totalmente disfuncional" - afirma o aclamado cineasta indo-americano M. Night Shyamalan, que volta às salas de cinema com um filme que, mais uma vez, mexe com os nervos do público.

Conciliar "arte e comércio é complicado", disse o rei dos filmes de suspense, em uma entrevista em Paris, que coincide com o lançamento de seu filme "Batem à porta", adaptado de um romance de Paul Tremblay.

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Na Hollywood de hoje, "falando em termos gerais, há filmes que são simplesmente incestuosos, masturbatórios, que falam apenas consigo mesmos. Hollywood fala consigo mesma", disse o diretor de "Sinais" e "Tempo".

"E também há filmes que dizem que são feitos para o público, e [acham] que o público é estúpido. Eles tiram toda a alma disso e se limitam a fazer seu filme por cálculo", acrescentou.

"Estes são sinais de que nossa indústria é totalmente disfuncional", observou.

Segundo ele, os estúdios americanos mudaram muito desde a época de "O Sexto Sentido", seu primeiro grande sucesso, estrelado por Bruce Willis e lançado em 1999, ano de "Matrix" e "A Bruxa de Blair", que se tornaram "clássicos".

"A indústria era diferente naquela época. Tudo se resumia a encontrar os melhores narradores de histórias para contar histórias para o grande público, e todos trabalhavam com esse objetivo", lembrou.

Para manter sua liberdade, o cineasta, de 52 anos, explica que a única solução que ele encontrou foi "sair do sistema".

"Pago eu mesmo e faço eu mesmo meus filmes", afirmou.

Em "Batem à porta", M. Night Shyamalan retoma um de seus temas favoritos com a história de uma família isolada em uma cabana na floresta que vê quatro estranhos chegarem. Segundo eles, o fim do mundo está próximo e a única maneira de evitá-lo é sacrificando um deles.

O filme parece ecoar a preocupação contemporânea com as "fake news", nas quais as teorias mais malucas podem provocar atos violentos.

Por ser independente, o cineasta não precisa pedir permissão para "colocar um casal gay no centro da história", como é o caso dessa família homoparental, nem perguntar se é "uma boa ideia contratar um lutador profissional", como Dave Bautista, que interpreta o líder dos cavaleiros do Apocalipse que ameaçam a família.

A chave é saber falar com o público, explica M. Night Shyamalan, acrescentando que esta é sua "maneira de se manter saudável nesta indústria doente".

fbe/may/ybl/meb/jvb/tt

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EUA cinema Bruce Willis John Malkovich

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