Centenas de pessoas se despedem de sacristão assassinado no sul da Espanha
15:06 | Jan. 27, 2023
Centenas de pessoas compareceram, nesta sexta-feira (27), ao funeral do sacristão assassinado na última quarta por um homem que também feriu um sacerdote com um facão em duas igrejas em Algeciras, no sul da Espanha.
O corpo de Diego Valencia foi velado em uma igreja de Nossa Senhora de La Palma repleta de velas vermelhas e flores, onde dezenas de pessoas lotaram o seu interior e também se reuniram no entorno, de acordo com jornalistas da AFP.
Posteriormente, o corpo do sacristão deixou o local em um carro fúnebre.
O ataque, ocorrido na tarde da última quarta em duas igrejas próximas ao centro de Algeciras, uma cidade portuária na região da Andaluzia, também deixou um sacerdote de 74 anos ferido.
O padre, que foi atingido no pescoço, foi operado e liberado do hospital.
O suposto autor do ataque, Yassine Kanjaa, um marroquino de 25 anos, foi levado para Madri nesta sexta para ser interrogado pela pelas forças de segurança, disse uma fonte policial à AFP.
Na próxima segunda (30), Kanjaa deverá comparecer a uma sessão na Audiência Nacional, que abriu uma investigação para analisar o ato como suposto terrorismo.
O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, disse na última quinta (26) que o suspeito "nunca esteve no radar de nenhum serviço nacional por radicalização" na Espanha ou em países vizinhos.
Quando perguntado sobre a possibilidade de Kanjaa ter problemas mentais, o ministro analisou que o crime "pode ter um caráter terrorista", mas que "todas as hipóteses seguem em aberto".
O suspeito "há cerca de um mês (...) deixou crescer a barba, só usava djellaba" (uma vestimenta tradicional árabe), disse à AFP Aymar, uma pessoa que prefere não ser identificada que mora no andar de cima da casa do marroquino, perto das igrejas atacadas.
"Ultimamente a mente dele (estava) em outro mundo, ele falava coisas sem sentido (...) Ele só falava sobre o diabo, Deus e coisas estranhas", acrescentou.
No documento do processo ao qual a AFP teve acesso, o juiz encarregado considera que o ataque está relacionado ao "salafismo jihadista" e acrescenta que ao ser detido, o suspeito "gritou várias vezes 'Allahu Akbar'" (Alá é o Maior).
O acontecimento acendeu a discussão sobre uma declaração polêmica do líder do Partido Popular espanhol, Alberto Núñez Feijóo, que defendeu que cristãos não "matam em nome de sua religião ou suas crenças". A fala foi rechaçada pelo atual governo, que a considerou como islamofóbica.
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