Suspeito de ataque a igrejas tinha ordem de expulsão da Espanha

O suspeito do ataque a duas igrejas em Algeciras (sul), que na quarta-feira (25) deixou um sacristão morto e um padre ferido, tinha ordem de expulsão de Espanha por sua situação migratória irregular, mas não tinha antecedentes criminais - informou o Ministério do Interior nesta quinta-feira (26).

"Foi aberto, em junho passado, um processo de expulsão por situação irregular" contra o suspeito, um marroquino de 25 anos, um "procedimento administrativo (...), cuja execução não é imediata", explicou um porta-voz do ministério em mensagem à imprensa.

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"O detido não tem antecedentes criminais, nem por terrorismo, nem na Espanha, nem em outros países aliados", acrescentou o porta-voz, que garantiu que o suspeito não esteve sob vigilância policial "nem nos últimos dias, nem anteriormente".

De acordo com a mesma fonte, durante a madrugada desta quinta-feira, foi realizada uma busca na casa do suspeito, e "todos os bens apreendidos" estão sendo analisados.

A Audiência Nacional, um tribunal superior responsável por julgar os casos de terrorismo na Espanha, está encarregado das investigações, disse o Ministério Público da Espanha à AFP na quarta-feira.

"Estão investigando e analisando os fatos, sem que, por ora, seja possível determinar a natureza do ataque", prosseguiu o ministério.

Segundo vários meios de comunicação espanhóis, o suposto agressor morava perto das igrejas onde foram registrados os fatos, no centro de Algeciras, região da Andaluzia.

"Pouco depois das 19h [15h em Brasília] desta tarde, um homem entrou na igreja de San Isidro de Algeciras, onde, armado com um facão, atacou o sacerdote, deixando-o gravemente ferido", relatou o Ministério do Interior em um comunicado divulgado ontem.

"Posteriormente, [o agressor] compareceu à igreja de Nossa Senhora de La Palma onde, depois de provocar bastante destruição, atacou o sacristão", acrescentou.

"O sacristão conseguiu sair da igreja, mas foi alcançado pelo agressor do lado de fora, que lhe provocou ferimentos mortais", prosseguiu o ministério.

"Instantes depois, [o suspeito] foi neutralizado e detido, e se encontra nas dependências da Polícia Nacional", concluiu.

Segundo uma fonte policial, o agressor usava uma jelaba - peça de roupa tradicional dos árabes da região do Magrebe, no Norte da África - e "gritou algo" no momento do ataque.

As notícias dos meios de comunicação locais, baseadas em relatos de testemunhas oculares, indicam que o agressor estava armado com um facão.

Em um vídeo difundido pelas autoridades, é possível ver o agressor, vestido com calças pretas e uma blusa cinza com capuz branco e preto, com as mãos algemadas atrás das costas, caminhando escoltado por dois policiais.

Uma porta-voz do serviço de emergência disse à AFP que começou a receber muitas chamadas depois das 19h30 de pessoas que viram um homem armado com um facão atacar uma pessoa em frente a uma igreja, antes de atacar outra pessoa perto da igreja de La Palma.

Um comunicado da ordem religiosa dos salesianos falou de um terceiro ataque à "capela da Europa" e informou que o religioso ferido "se encontra estável dentro de um estado de gravidade".

As reações de responsáveis políticos se sucederam após o atentado.

"Quero transferir minhas mais sinceras condolências aos familiares do sacristão falecido no terrível ataque de Algeciras", escreveu nas redes sociais o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez.

"Desejo pronta recuperação aos feridos. Todo o nosso apoio ao trabalho que estão realizando as Forças e os Corpos de Segurança do Estado", acrescentou.

Estamos "consternados pelos ataques cometidos esta tarde em Algeciras. Meus pêsames à família do sacristão falecido e meus desejos de pronta recuperação aos feridos", tuitou o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP).

O presidente do governo regional da Andaluzia, Juan Manuel Moreno, descreveu o ataque como "terrível e devastador".

"Assassinaram um sacristão e feriram, pelo menos, um sacerdote em um ataque que foi produzido em Algeciras", anunciou, antes de pedir que se evite conclusões precipitadas e reações intempestivas.

"Prudência, os fatos estão sendo investigados", ressaltou.

Por meio do secretário-geral da Conferência Episcopal, Francisco César García Magán, a Igreja Católica da Espanha lamentou os fatos.

"Com dor, recebi a notícia dos acontecimentos em Algeciras. Neste momento de tristeza, de sofrimento, nos juntamos às dores das famílias das vítimas e da diocese gaditana [relativo a Cádis] e pedimos ao Deus da vida e da paz a pronta recuperação dos feridos", explicou García Magán.

Os últimos atentados jihadistas na Espanha remontam a agosto de 2017 e ocorreram em Barcelona e no balneário de Cambrils, ambos na Catalunha. Reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, os ataques deixaram 16 mortos e 140 feridos.

Os três sobreviventes da célula terrorista foram condenados a oito, 46 e 53 anos de prisão.

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