Xiomara Castro comemora um ano no governo de Honduras com desafios pendentes
11:06 | Jan. 26, 2023
A presidente de Honduras, a esquerdista Xiomara Castro, comemora seu primeiro ano de mandato nesta sexta-feira (27) com vários desafios pendentes, enquanto se empenha em levar adiante sua cruzada contra a corrupção, mal endêmico no país.
Ao tomar posse do país em 27 de janeiro de 2022, a esposa do ex-presidente Manuel Zelaya (2006-2009) prometeu "refundar" o Estado com uma campanha contra as máfias e a insegurança, além de melhorias na educação, saúde e emprego, problemas que estimulam a emigração para os Estados Unidos de cerca de mil hondurenhos todos os dias.
Neste primeiro ano houve avanços na "reorganização das contas do Estado e resgate de bens públicos confiscados por mãos privadas", afirma Castro em um vídeo gravado na Argentina, onde participou da Cúpula da Celac.
No entanto, cidadãos hondurenhos e analistas consultados pela AFP não chegam a um consenso ao avaliar sua gestão.
O padre jesuíta e analista Ismael Moreno afirma que as "respostas" da presidente aos complexos problemas de Honduras "têm sido muito pobres".
"Xiomara Castro tem a responsabilidade de enfrentar enormes tarefas com clareza, firmeza, para não continuar aumentando o ceticismo e a desesperança da população, depois de completar um ano de muitas expectativas sem ter conseguido atendê-las", diz Moreno, também defensor dos direitos humanos.
Apesar dos desafios pendentes, como a promessa de construção de hospitais, o sociólogo e acadêmico Marco Tinoco destaca que neste primeiro ano houve "uma transição de um regime autoritário para um regime democrático, ou para patamares mais elevados de democracia, com avanços na estratégia anticorrupção".
"O governo vem implementando medidas extremas para enfrentar o crime de extorsão (muito difundido em Honduras). Os cidadãos valorizam a implementação destas medidas", afirma o professor da Universidade Nacional.
Para a socióloga Leticia Salomón, o primeiro ano foi de "adaptação, improvisos, limitações e decepções", mas ela reconhece que Castro recebeu um legado complicado de seu antecessor, o direitista Juan Orlando Hernández (2014-2022).
O ex-presidente "executou todas as ações destinadas a controlar e subjugar os demais poderes do Estado com o consequente saldo de corrupção, impunidade e tráfico de drogas", disse a analista em um relatório para a Fundação Friedrich Ebert América Central.
Por isso, Salomón considera "importante" o esforço de Castro para formar uma Comissão Internacional Contra a Corrupção e a Impunidade (CICIH), uma espécie de promotoria paralela voltada para o combate ao crime e às máfias, inspirada em uma entidade semelhante que operou na Guatemala em 2007-2019 .
Cumprindo uma promessa de campanha, Castro assinou um acordo com a ONU no dia 15 de dezembro, em Nova York, para a criação da CICIH, que deve começar a funcionar em alguns meses. Esta iniciativa foi aplaudida pelos Estados Unidos.
Além disso, a presidente decretou estado de emergência em 6 de dezembro para combater as gangues em Honduras, respondendo ao pedidos dos cidadãos para seguir o exemplo de seu homólogo salvadorenho Nayib Bukele.
Bukele encurralou as temidas gangues criminosas, com a prisão, sem mandado, de cerca de 60.000 supostos membros de gangues. Seus métodos receberam o apoio da maioria dos salvadorenhos, mas são questionados por organizações de direitos humanos.
Entre os cidadãos, 55% aprovam a gestão da primeira mulher presidente de Honduras, enquanto 32% desaprovam, segundo pesquisa do instituto Cid Gallup.
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