Familiares de vítimas de explosão se manifestam em Beirute
09:21 | Jan. 26, 2023
Os familiares das vítimas da explosão do porto de Beirute em 2020 organizaram uma manifestação nesta quinta-feira (26) para apoiar o juiz responsável pela investigação, processado por insubordinação por sua determinação em continuar investigando a tragédia.
O grupo de familiares das vítimas convocou a concentração na manhã de quinta-feira em frente ao Palácio da Justiça de Beirute "para apoiar a investigação" do juiz independente Tarek Bitar sobre a explosão de 4 de agosto de 2020, que deixou mais de 215 mortos e 6.500 feridos e arrasaram bairros inteiros da capital libanesa.
As autoridades mobilizaram forças de segurança nas proximidades do Palácio da Justiça, observou um correspondente da AFP.
Em um comunicado, os familiares denunciaram a decisão de processar o juiz Bitar como um "golpe de Estado político, de segurança e judicial".
O grupo instou as autoridades a assumirem "total responsabilidade pela segurança do juiz", que se sente ameaçado, em um país onde os assassinatos políticos são frequentes.
Na segunda-feira, o juiz Bitar decidiu retomar sua investigação, que estava suspensa há 13 meses devido à pressão de grande parte da classe política, incluindo o poderoso movimento armado Hezbollah.
O magistrado indiciou várias autoridades, como o procurador-geral Ghassan Oueidate e dois altos funcionários da segurança, por "potencial intenção de matar", pela primeira vez na história do país.
Em retaliação, o procurador-geral decidiu processar o juiz Bitar por "rebelião contra a justiça" e "usurpação de poder".
O juiz Bitar foi chamado para comparecer na quinta-feira às 10h locais (5h em Brasília), mas se recusou a comparecer, segundo uma autoridade judicial.
Esta pressão judicial ameaça encobrir a investigação da enorme explosão, causada porque centenas de toneladas de nitrato de amônio foram armazenadas sem precaução no porto de Beirute.
Várias ONGs e famílias de vítimas acusaram as autoridades libanesas de atrapalhar a investigação local para evitar processos.
Na quarta-feira, as ONGs Human Rights Watch (HRW) e Anistia Internacional instaram o Conselho de Direitos Humanos da ONU a "adotar urgentemente uma resolução para lançar uma comissão de inquérito imparcial".
"Está perfeitamente claro que as autoridades libanesas estão determinadas a obstruir a justiça", disseram.
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