Lula se reúne com presidente da Argentina em primeira visita de Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou nesta segunda-feira (23) com o presidente argentino, Alberto Fernández, em Buenos Aires, marcando o retorno do Brasil ao cenário político internacional.
"Hoje é um dia de celebração entre o Brasil e a Argentina", disse Lula, acrescentando que o encontro marca "a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido truncada".
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O líder do Executivo, de 77 anos, faz tradicionalmente sua primeira visita de Estado ao vizinho e sócio do Mercosul, para depois participar, na terça-feira, da cúpula de presidentes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), à qual o Brasil retorna após alguns anos de ausência.
O ministro das Relações Exteriores de Lula, Mauro Vieira, explicou no sábado, em entrevista à agência oficial argentina Télam, que a visita faz parte de uma política externa que buscará "reconstruir pontes" com a comunidade internacional.
"O que vamos fazer em Buenos Aires e Montevidéu [onde Lula se encontrará com seu homólogo uruguaio, Luis Lacalle Pou, na quarta-feira] é dialogar com os sócios sobre a situação que herdamos e possíveis rumos a seguir. O primeiro passo é relançar a relação bilateral, e isso será feito com base na declaração conjunta dos presidentes (Alberto) Fernández e Lula, que será o roteiro desse relançamento, com objetivos e tarefas claros", especificou o diplomata.
Em texto conjunto divulgado pela Casa Rosada na noite de domingo e assinado pelos dois presidentes, Brasil e Argentina destacaram que a pauta do encontro teria como foco a "integração do gás" como "projeto estratégico da relação bilateral" e a discussão sobre "uma moeda comum sul-americana" para "fluxos financeiros e comerciais".
Lula se encontrou com Fernández na Casa Rosada nesta segunda-feira pela manhã.
"A minha presença como primeira viagem (...) é para dizer (...) que vamos reconstruir aquela relação de paz, produtiva, avançada de dois países que nasceram para crescer, se desenvolver e gerar melhores condições de vida para seu povo", afirmou o presidente brasileiro.
Já o presidente argentino, que considerou Lula como "amigo incondicional", ressaltou a integração entre os países e a "necessidade de integrar a América Latina".
"Falamos da integração dos nossos países depois de fortalecer e tornar mais eficiente e promover o Mercosul. Falamos sobre a Unasul, sobre aproveitar a reunião de amanhã para ouvir todos os líderes do continente com o objetivo de favorecer a integração da região", comentou Fernández.
O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, segundo dados oficiais divulgados na semana passada pela agência nacional de estatísticas da Argentina, Indec.
Com 14,3% do total das vendas argentinas para o exterior, o Brasil é o primeiro destino das exportações argentinas, que em 2022 somaram quase US$ 12,7 bilhões no solo brasileiro, um crescimento de 7,6%.
Enquanto isso, as importações do Brasil ultrapassaram os US$ 16 bilhões e, com um crescimento anual de 28,8% no ano passado, representam quase 20% das compras argentinas no exterior.
Lula afirmou querer que os Ministros da Fazenda de cada país "possam nos fazer uma proposta de comércio exterior e transações entre" Brasil e Argentina para que se pense em uma "moeda comum a ser construída com muito debate e muitas reuniões".
A viagem do presidente também marca o retorno do Brasil à Celac, fórum de consulta formado por 33 países. Brasília deixou a instituição em 2020 por decisão do então presidente Jair Bolsonaro, que considerava que "dava palco para regimes não democráticos como os de Venezuela, Cuba e Nicarágua".
Lula pretende se encontrar em Buenos Aires com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, segundo fontes da Presidência da República. O líder da ilha caribenha confirmou sua presença na Celac.
Já o encontro com o chavista Nicolás Maduro, previsto em sua agenda oficial, no entanto, foi retirado do planejamento do Planalto nesta segunda.
A Presidência não informou oficialmente o motivo do cancelamento, mas fontes do Executivo e do Itamaraty informaram à AFP que a reunião foi suspensa a pedido de Maduro, que, segundo informantes, não está na Argentina.
A presença de Maduro na Celac movimenta Buenos Aires após o líder chavista ser denunciado perante a Justiça da Argentina por violação dos direitos humanos, acusação que motivou líderes da oposição a pedirem sua detenção ao chegar ao país.
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