Startup americana usa cogumelo para produzir couro sustentável
A iniciativa consegue produzir o couro vegetal em algumas semanas sem causar qualquer sofrimento animal ou comprometer a biodiversidadeConhecido como champignon ou shitake, os cogumelos são normalmente utilizados na alimentação humana para incrementar refeições. Mas você já pensou em ter uma bolsa feita à base desse fungo? Uma empresa americana tornou essa possibilidade real ao usar o cogumelo como matéria-prima para a fabricação de couro.
Com sede na Califórnia, a MycoWorks é responsável por desenvolver o material semelhante ao couro em aparência e resistência, batizado de Reishi, nome japonês para o gênero de cogumelos usado pela primeira vez. O produto é feito a partir do micélio, raízes parecidas com fios que ficam na base dos cogumelos. As informações são do The New York Times.
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Muitas das alternativas ao couro hoje são feitas de plástico, prejudicial ao meio ambiente. A iniciativa consegue produzir o couro vegetal em algumas semanas sem causar qualquer sofrimento animal ou comprometer a biodiversidade.
Além disso, a pegada de carbono de couro tradicional é alta (em média 33 toneladas de CO2 por par de sapatos), enquanto o couro natural é neutro em carbono.
Conforme a empresa, o processo resulta em diferentes tipos de materiais, que têm a vantagem de serem mais versáteis. Durante a manipulação é possível obter um couro semelhante ao de diferentes animais, com diversas densidades, durabilidade e até mesmo com diferentes níveis de absorção de água.
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, o mercado de artigos de couro foi avaliado em US$ 400 bilhões em 2021 e o mercado de couro sintético em US$ 31,9 bilhões. Ou seja, o couro sintético a partir de cogumelos além de ser uma opção sustentável é também rentável.
História da MycoWorks
Em 2007, Philip Ross, artista de São Francisco, expôs seu trabalho com “micotectura”, a criação de materiais a partir da manipulação do micélio, a estrutura que está na raiz dos cogumelos. Ross comprou esporos de cogumelos e os transformou numa substância que ele descreve como semelhante ao papelão de fibra de densidade média.
Ross continuou fazendo experiências com o micélio e, em 2012, várias empresas estavam interessadas na tecnologia. Ross pediu a Sophia Wang, estudante de doutorado na Universidade da Califórnia que produzira sua exposição, para ajudá-lo a comercializar sua técnica de micotectura. Eles fundaram a MycoWorks no ano seguinte.
A empresa, que começou como uma startup, obteve mais de 75 patentes e hoje tem mais de 160 funcionários nos Estados Unidos, França e Espanha na produção do que promete ser o futuro do couro.
Além disso, recebeu uma rodada de US$ 45 milhões e investimentos de nomes como Natalie Portman e John Legend. Também garantiu colaborações com empresas de ponta, como Hermès e a fabricante de móveis Ligne Roset, além da GM Ventures, o braço de investimentos da General Motors.
Graças ao seu processo patenteado Fine Mycelium, MycoWorks garante que pode produzir materiais naturais com as mesmas características do couro animal, com menor impacto ambiental.
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