Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, é preso em Brasília

O ex-ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro, Anderson Torres, foi preso neste sábado (14) no aeroporto de Brasília, investigado por suposta "omissão e conivência" com o ataque à capital em 8 de janeiro, informou a mídia local.

Torres, que atuava como secretário de Segurança da capital no dia em que milhares de apoiadores de Bolsonaro devastaram as sedes do poder público, desembarcou em Brasília vindo dos Estados Unidos na manhã deste sábado para comparecer à Justiça.

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"Foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Brasília e encaminhado para a custódia, onde permanecerá à disposição da Justiça", disse a Polícia Federal em um breve comunicado, sem mais detalhes. "As investigações seguem em sigilo", acrescentou.

Afastado do cargo em decorrência do ataque, ele estava de férias nos Estados Unidos, de onde anunciou pelas redes sociais que voltaria ao Brasil para se apresentar à Justiça e defender sua inocência.

Aterrissou na manhã deste sábado, segundo a imprensa, um dia depois de o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, ter dito que mecanismos de cooperação internacional seriam acionados caso ele não voltasse voluntariamente.

A operação no aeroporto foi realizada discretamente. Torres, que nega as acusações, está detido em um batalhão da Polícia Militar na capital e compareceu a uma primeira audiência neste sábado. Espera-se que ele preste depoimento na próxima semana, segundo a Folha de S. Paulo.

No domingo, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), em um ataque à democracia brasileira.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou na noite de sexta-feira, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a inclusão de Bolsonaro nas investigações, que buscam esclarecer quem foram os mandantes e autores do ataque.

A PGR concentrou seu pedido em um vídeo compartilhado pelo líder de extrema direita nas redes sociais.

Publicado em 10 de janeiro e deletado em 11 de janeiro, disse a PGR, o vídeo é uma peça que mesmo dias depois dos ataques comprova uma ligação com os acontecimentos.

Em nota enviada à AFP na sexta-feira, a defesa de Bolsonaro negou qualquer envolvimento no vandalismo em Brasília, pelo qual as autoridades já prenderam quase 2.000 pessoas.

"Ele (Bolsonaro) nunca teve qualquer relação ou participação nesses movimentos", diz a nota, que culpa os "infiltrados" pelos excessos.

O pedido de interrogatório de Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, será analisado oportunamente, escreveu Moraes em sua decisão.

Aliado próximo de Bolsonaro, Torres também terá que dar explicações em relação a uma minuta de decreto presidencial, sem assinatura mas com o nome de Bolsonaro, que poderia ter alterado o resultado das eleições de 2022 em que Lula foi eleito, afirmou Dino.

"Tanto vídeo quanto a minuta constituem provas para uma investigação. Se o STF entender que são provas necessárias para um pedido de extradição, podem pedir pelo menos para que volte ao Brasil para prestar esclarecimento", disse a professora de direito da Universidade de São Paulo, Carla Junqueira.

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