Governo amplia investigação sobre ataque no DF e bolsonaristas recuam

A convocação de novas manifestações bolsonaristas para "retomar o poder" das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fracassou, com a segurança policial reforçada e a expectativa de novas prisões.

Após a invasão, no domingo, das sedes dos Três Poderes em Brasília, Lula anunciou, durante um café da manhã com jornalistas, nesta quinta-feira (12), que está "no momento de fazer uma triagem profunda" dos funcionários do Palácio do Planalto.

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"Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse porque não tem porta quebrada", declarou Lula.

"Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui", acrescentou sobre a entrada violenta de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no prédio.

As autoridades avançam nas investigações para determinar quem organizou e financiou os violentos protestos que aterrorizaram o coração da capital federal. Elas apuram também se houve falhas internas por parte dos responsáveis pela proteção das sedes do poder público.

Quase 2.000 pessoas foram detidas após as invasões no domingo - 1.159 delas permanecem em reclusão após serem interrogadas, de acordo com o último boletim oficial.

Na quarta-feira, o governo reforçou as medidas de segurança, principalmente no Distrito Federal, onde o acesso ao centro do poder foi fechado para veículos. As forças de segurança aguardavam novas manifestações anunciadas nas redes sociais, que não se concretizaram.

O Executivo instalou barreiras físicas para proteger a Esplanada dos Ministérios, onde encontram-se as sedes dos gabinetes ministeriais, assim como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

O trânsito foi restabelecido na manhã desta quinta-feira e uma presença moderada de segurança era vista na região.

A "Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder" foi convocada pelas redes sociais e deveria ocorrer simultaneamente, na tarde de quarta-feira, em diversas capitais.

Mas os apoiadores de Bolsonaro não atenderam à convocação

No Rio de Janeiro, um forte dispositivo de segurança foi mobilizado na praia de Copacabana, mas os manifestantes não compareceram.

Em São Paulo, apenas dois jovens apareceram Avenida Paulista vestindo camisas verde-amarelas. Um deles sustentou que a convocação falhou por medo de ações judiciais.

"O governo Lula agiu muito rápido para conter os grupos que estavam se organizando desde domingo. A prisão acabou desarticulando muitos por medo de serem presos", disse Guilherme Casaroes, cientista político da Fundação Getúlio Vargas.

Para o sociólogo Geraldo Monteiro, "o movimento bolsonarista está sob pressão e não tem esse grau de organização para uma contraofensiva, o que deixa muito evidente sua fragilidade. Não tem volume".

Dos Estados Unidos, para onde viajou dois dias antes do fim de seu mandato, Bolsonaro condenou os atos de domingo mas, a exemplo das últimas semanas de seu governo, manteve-se praticamente em silêncio.

O ex-presidente "não lidera propriamente, então o movimento está sem fôlego para seguir em frente", acrescentou Monteiro, co-autor do livro "Bolsonarismo: Teoria e Prática".

Após os ataques aos baluartes da democracia brasileira, Lula rapidamente recebeu o apoio dos líderes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como dos governadores.

O ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou, na quarta-feira, aos governos estaduais que proíbam o bloqueio de rodovias e a invasão de patrimônio público. O plenário do STF analisa hoje se mantém essa decisão.

Moraes determinou, ainda, a prisão do coronel Fabio Augusto Vieira, comandante da PM do Distrito Federal, - que já foi detido - e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro e recém-nomeado secretário de Segurança da capital, por suposta "omissão e conivência" com os incidentes de domingo. Ambos foram exonerados dos cargos após os distúrbios.

Torres, que nega "qualquer tipo de conivência com barbáries", encontra-se de férias nos Estados Unidos, mas afirmou que voltará ao país. Sua chegada a Brasília está prevista para esta semana.

Enquanto isso, Lula avança na adaptação de seu novo governo e nesta quinta-feira recebe vários de seus ministros no Palácio do Planalto, onde ainda são visíveis as marcas da destruição.

As ações violentas têm pouco apoio popular, segundo pesquisa do Datafolha, que constatou que 93% dos brasileiros repudiam a invasão a prédios públicos ocorrida no último domingo.

Apenas 3% concordam com os ataques dos bolsonaristas radicais, segundo a pesquisa, que consultou 1.214 pessoas por telefone.

rsr/pr/ap/mvv

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