Decisão sobre futuro do governo interino da Venezuela pode ser adiada
16:05 | Dez. 28, 2022
A decisão da oposição sobre a possível eliminação do "governo interino" de Juan Guaidó na Venezuela, em votação prevista para esta quinta-feira, poderia ser adiada após uma proposta apresentada nesta quarta (28) por um dirigente.
"É preciso dialogar mais. Se isto passar por adiar a sessão convocada para 29D (29 de dezembro), vamos fazê-lo, mas esgotemos a via do consenso", propôs em sua conta no Twitter Juan Pablo Guanipa, membro de um dos partidos da oposição, que propõem encerrar o "interinato" liderado por Guaidó desde janeiro de 2019 com o apoio dos Estados Unidos.
Ex-deputados do Parlamento de maioria opositora, eleito em 2015, cujo mandato terminou no ano passado, mas que defendem sua continuidade por considerarem fraudulentas as eleições legislativas de 2020, vencidas pelo chavismo, comemoraram na quinta passada a primeira das duas votações sobre o tema.
Dois projetos foram apresentados: um que acabaria com a "Presidência encarregada" de Guaidó a partir do próximo 5 de janeiro, que teve 72 votos, e outro que a estenderia por mais um ano, que teve 23 votos. Houve nove abstenções.
A proposta de encerrar o "interinato" é liderada por três dos maiores partidos da oposição: Primeiro Justiça (PJ) - ao qual pertence Guanipa -, Ação Democrática (AD) e Um Novo Tempo (UNT).
A segunda votação está marcada para esta quinta-feira, enquanto Guaidó, integrante do Vontade Popular (VP) - do líder exilado Leopoldo López -, assegura que pôr fim ao interinato representaria um "risco" de abrir a porta para que o presidente socialista Nicolás Maduro, a quem não reconhece, retome o controle dos recursos venezuelanos, bloqueados no exterior mediante sanções.
"Se algo vai favorecer o ditador Maduro é nossa fissura e nossa divisão", alegou Guanipa nesta quarta. "Conosco está a decisão de apresentar um projeto de consenso que nos fortaleça e não provocar um confronto que nos fragilize", expressou.
No entanto, os partidos que promovem eliminar o "governo interino" tinham ratificado sua decisão na terça.
"O governo interino deixou de ser útil na democratização da Venezuela e não tem nenhum interesse para a cidadania", justificaram em um comunicado.
Alegando que Maduro foi reeleito em uma "fraude" em 2018, Guaidó se autoproclamou "presidente encarregado" em janeiro de 2019, em uma praça pública, com reconhecimento de meia centena de países.
O apoio internacional, no entanto, enfraqueceu. Os Estados Unidos têm buscado se aproximar de Maduro, em meio à crise petroleira provocada pelas sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, e países da América Latina como Brasil, Colômbia e Argentina agora têm governos de esquerda.
A oposição anunciou que fará suas primárias no próximo ano para eleger um candidato único que enfrente Maduro nas próximas eleições presidenciais, previstas para 2024. Guaidó estaria entre os principais candidatos.
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