Parlamento do Peru discute antecipação de eleições para atenuar crise
O Congresso do Peru discute nesta terça-feira (20) a possibilidade de antecipar as eleições gerais para atenuar a crise provocada pela destituição do presidente Pedro Castillo, depois que 21 pessoas morreram em protestos, o que gerou preocupação entre organizações de defesa dos direitos humanos.
Na semana passada, o projeto de antecipação das eleições não obteve os votos necessários. Após um acordo nesta terça-feira, o assunto será discutido e votado novamente. São necessários os votos de 87 dos 130 legisladores para a sua aprovação.
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O plano é antecipar as eleições de 2026 para 2023 e entregar a presidência, no comando de Dina Boluarte, sucessora do esquerdista Castillo, em abril de 2024. As bancadas de esquerda, que apoiam Castillo, pedem a inclusão da convocação de um referendo sobre uma Assembleia Constituinte na votação.
Dina Boluarte, cuja renúncia também está entre as exigências dos manifestantes, garante que está disposta a sair dentro dos novos prazos, e pediu aos legisladores que agilizem o debate: "Não sejam cegos, olhem para a população e ajam."
"Que hoje sejam decididas as eleições antecipadas e que a direita e a esquerda cheguem a um acordo", disse a deputada independente Susel Paredes. De acordo com pesquisas de opinião, 83% da população é favorável ao adiantamento do pleito.
Nesta terça-feira, uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), chefiada pela secretária Tania Reneaum, chegou a Lima para se reunir com autoridades "a fim de receber informações sobre a crise institucional e os protestos". A CIDH se reuniu com Dina Boluarte no Palácio de Governo, e planeja visitar algumas cidades do país.
Dina Boluarte, que está no cargo há 13 dias, irá reformar seu gabinete hoje, conforme ela mesma anunciou, incluindo uma mudança de primeiro-ministro, para privilegiar a designação de funcionários com mais experiência política, a fim de buscar uma saída para a crise. Os ministros da Educação e Cultura renunciaram na semana passada, em reprovação às mortes nos protestos.
A pasta de Transportes informou que foram retomadas hoje as operações no aeroporto Inca Manco Cápac, de Juliaca, região de Puno (sul), depois de seis dias de fechamento por causa das manifestações.
As visitas à cidadela inca de Machu Picchu se encontram suspensas desde 14 de dezembro, para garantir a segurança dos turistas por causa dos protestos. Outros terminais aéreos que permaneceram fechados também já estavam operando.
Algumas manifestações seguiam ativas nesta terça-feira no sul do país. De acordo com o relatório mais recente da Defensoria do Povo, desde o seu início, em 7 de dezembro, os protestos já deixaram 21 mortos e mais de 600 feridos em confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.
Como parte dos protestos, em Ayacucho, oito manifestantes morreram na semana passada em um confronto com militares, após uma tentativa de invasão do aeroporto regional. A Defensoria pediu uma investigação criminal, porque várias mortes ocorreram devido a disparos à queima-roupa.
Castillo perdeu o poder no mesmo dia, depois de tentar fechar o Congresso, intervir no Judiciário, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte. Seu pedido não conseguiu respaldo institucional, por isso o ex-presidente foi preso, sob a acusação de rebelião, quando tentava chegar à embaixada mexicana para pedir asilo.
O chanceler do México, Marcelo Ebrard, confirmou que a mulher e os filhos de Castillo se refugiaram na embaixada mexicana em Lima. "Agora, o salvo-conduto está sendo negociado para que, caso queiram sair, possam fazê-lo e vir para o México, mas estão em território mexicano, em nossa embaixada", esclareceu Ebrard em entrevista coletiva.
Lilia Paredes, mulher de Castillo, é investigada pelo Ministério Público do Peru como possível coordenadora de uma suposta organização criminal que seria liderada por seu marido.
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