Túnica usada por Messi na premiação da Copa vira sucesso de vendas no Catar
16:36 | Dez. 20, 2022
Desde que o emir do Catar colocou a tradicional túnica árabe negra e dourada sobre os ombros do recém-proclamado campeão do mundo Lionel Messi, as vendas das 'bisht' dispararam na loja de Ahmed Al Salim.
Sua empresa familiar, localizada no mercado popular de Souq Waqif, produz capas como a que o camisa '10' vestiu para receber a taça da Copa do Mundo no estádio Lusail.
O uso dessa vestimenta em um momento de tanta atenção da mídia internacional gerou debate sobre o gesto, mas para muitos no Catar é motivo de orgulho.
Em épocas normais, esta empresa, que fornece o artigo para a família real do Catar há anos, vende de oito a dez peças por dia. Na segunda-feira (19), as vendas dispararam para 150, três delas como réplicas idênticas à de Messi, feita em algodão do Japão e fio de ouro alemão, tendo um valor estimado em U$$ 2 mil (aproximadamente R$ 10 mil, na cotação atual).
"Em determinado momento, havia dezenas de pessoas esperando na frente da loja. Quase todos eram argentinos", disse Al Salim à AFP, enquanto oito torcedores da 'Albiceleste' tiravam fotos uns dos outros vestidos com a 'bisht' e uma réplica do troféu nas mãos.
Dois dias depois da final, o movimento continua agitado e, nesta terça-feira (20), todos parecem comemorar o gesto do emir.
"Ficamos todos felizes em ver isso, foi um presente de um rei para outro", disse Mauricio García, que foi até o local para experimentar a peça, mas acabou optando por não comprá-la devido ao alto preço.
Alguns comentaristas esportivos, principalmente europeus, apontaram que a autoridade catari não deveria ter coberto Messi com a 'bisht' porque, de certa forma, a capa cobria a camisa da Argentina em um momento muito importante. Mas nas redes sociais dos países árabes, o gesto foi amplamente elogiado.
"Quando um xeque veste uma pessoa com uma bisht (uma vestimenta tradicionalmente usada por homens em casamentos, cerimônias de diplomação ou eventos oficiais em vários países do Golfo), significa que ele a homenageia e a aprecia", explica Al Salim.
"Do ponto de vista da comunicação, será muito importante porque sabemos até que ponto estas fotos serão guardadas e compartilhadas novamente", destaca a doutoranda em sociologia do esporte na Universidade de Lausanne, Carole Gómez, reforçando que o momento "será algo para recordar".
Al Salim assistiu à final da Copa em um café perto de sua loja, após entregar duas túnicas feitas à mão ao Comitê Organizador do Mundial, uma do tamanho de Messi e outra do de Hugo Lloris, capitão da seleção francesa.
"Não sabíamos para quem eram, então fiquei chocado" ao ver o emir Tamim Ben Hamad Al Thani cobrir os ombros de Messi com a vestimenta, disse.
No momento da encomenda, os integrantes do Comitê teriam pedido "o tecido mais leve e transparente possível".
"Fiquei surpreso porque estamos no inverno, então acho que o objetivo era que fosse possível ver a camisa da Argentina sem cobri-la completamente", acrescentou o comerciante.
A empresa de Al Salim emprega cerca de 70 alfaiates e é a mais importante das cinco fabricantes da 'bisht' no Catar.
A confecção da vestimenta leva cerca de uma semana. Para isso, segue-se um processo artesanal em sete etapas, nas quais diferentes trabalhadores bordam a área em torno do pescoço e dos braços com fios de ouro.
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