Putin defende estreitar laços militares com Belarus após ataque contra Kiev
18:06 | Dez. 19, 2022
O presidente russo, Vladimir Putin, garantiu nesta segunda-feira (19) que Moscou não absorverá Belarus, durante uma visita a Minsk para se reunir com o homólogo Alexander Lukashenko, um importante aliado com o qual defendeu estreitar laços militares entre os dois países.
"A Rússia não tem interesse em absorver ninguém. Não faz sentido", declarou Putin durante uma coletiva de imprensa ao lado de Lukashenko, após o encontro em Minsk.
O presidente russo afirmou que, após um diálogo "substancial", Rússia e Belarus concordaram em fortalecer a cooperação em "todos as áreas", especialmente em questões de defesa.
São "medidas comuns para garantir a segurança" dos países, a "entrega mútua de armas" e a fabricação de armas, explicou Putin.
A Rússia continuará formando militares bielorrussos para pilotar aviões com capacidade para transportar armas nucleares.
Lukashenko afirmou que a Rússia pode prescindir de seu país, mas a Bielorrússia não pode prescindir de Moscou.
"E se alguém pensou que poderia nos separar, que poderia abrir uma brecha entre nós, não conseguirá", completou o líder bielorrusso.
A cúpula entre os dois líderes ocorre em um momento em que as autoridades ucranianas temem que a Rússia lance uma nova ofensiva em larga escala contra Kiev nos primeiros meses de 2023.
A Ucrânia teme que tal operação use Belarus como plataforma de entrada, como ocorreu no início da invasão em 24 de fevereiro.
O Exército russo alimentou esses temores, ao afirmar, nesta segunda-feira, que participaria de ações "táticas" em Belarus, depois que Minsk anunciou em outubro a formação de uma força conjunta com a Rússia composta por milhares de soldados.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou que o presidente russo tenha viajado para Belarus para convencer Minsk a se envolver diretamente no conflito na Ucrânia, chamando essas acusações de "estúpidas" e "sem fundamento".
Na noite de domingo (18), a capital ucraniana, Kiev, sofreu uma série de ataques com drones russos.
As autoridades locais informaram que várias "infraestruturas e casas" foram danificadas e que pelo menos três pessoas ficaram feridas.
Após os ataques, a operadora de energia ucraniana Ukrenergo anunciou que vai impor cortes de energia em Kiev e em outras dez regiões, devido à "difícil" situação que a rede enfrenta.
"Primeiro ouvi uma sirene de alerta antiaéreo soar na rua. Pela primeira vez senti medo", contou à AFP Natalia Dobrovolska, de 68 anos, que mora em um bairro no oeste de Kiev.
Por volta das 4h30, seu prédio foi abalado por uma forte explosão, seguida de mais duas detonações e mais explosões uma hora depois. Desde então, a energia elétrica foi cortada.
Igor, um fotógrafo de 35 anos que mora no noroeste de Kiev, também acordou assustado.
"Ouvimos uma forte explosão e vimos um incêndio pela janela", disse ele. "Agora quase não temos rede móvel, não temos eletricidade, nem água", acrescentou.
Moscou, por sua vez, informou que derrubou quatro mísseis HARM de fabricação americana que sobrevoavam o espaço aéreo da região russa de Belgorod.
Além disso, a Rússia anunciou que vários de seus navios de guerra participarão, a partir desta semana, de exercícios conjuntos com a Marinha chinesa, mais um sinal de aproximação entre Moscou e Pequim em relação aos países ocidentais.
Desde que a Rússia sofreu uma série de reveses militares nos últimos meses, tem optado por uma estratégia de lançar bombardeios em massa contra usinas e infraestrutura do país, deixando milhões de ucranianos sem energia e água às vésperas do início do inverno (verão no Brasil).
França e União Europeia (UE) disseram que os ataques russos à infraestrutura civil constituem crimes de guerra, e o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, chamou-os de "bárbaros".
O Ministério da Defesa da Rússia diz que seus ataques visam a atingir as Forças Armadas ucranianas e as instalações de energia, além de interromper "a transferência de armas e de munições de fabricação estrangeira".
Neste cenário, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou hoje que seu país manterá a ajuda militar à Ucrânia em 2023.
O deslocamento de Putin é sua primeira viagem a Belarus em três anos e acontece em um momento em que o Exército ucraniano vigia a fronteira com este país por temer um novo ataque nesta frente.
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