"Foi uma loucura mas merecemos ganhar", diz Scaloni
18:41 | Dez. 18, 2022
"Foi uma loucura, mas merecemos a vitória, devíamos ter fechado nos 90 minutos", disse o técnico argentino Lionel Scaloni, neste domingo, no estádio Lusail, após vencer a Copa do Mundo ao derrotar a França nos pênaltis (3-3 nos 120 minutos, 4-2 nas penalidades).
Emocionado, o treinador de 44 anos dedicou o título aos seus "viejos" (pais): "Sou o que sou graças a eles".
Pergunta: Como você se sente?
Resposta: "Agora estou mais tranquilo. Gostaria de falar sobre o jogo e não só que somos campeões mundiais. Foi uma loucura, como treinador estou com um gosto ruim na boca por não ter fechado em 90 minutos. Agora a sensação é a melhor. Não estava nos meus planos ser campeão do mundo, mas somos e o mais importante é a forma como fomos campeões, somos justos vencedores".
P: Há um país que está louco, nas ruas. Fale com o país.
R: "Demais... Sinceramente o que tenho falado nas coletivas de imprensa e não vou mudar agora, esse time joga pelo povo, pelo torcedor argentino, não tem egos nem individualidades, todo mundo joga pelo seleção e para o país. Não há orgulho maior. Esses caras se blindaram ao máximo, conquistaram o título porque entenderam o que fazer dentro de campo. Hoje fomos campeões, mesmo que tenha sido nos pênaltis, somos merecidamente. Nós fizemos uma partida completíssima".
P: Do que você mais se orgulha do jogo?
R: "Os jogadores sabiam quem estava jogando uma hora e meia antes, (Ángel) Di María também, achamos que o jogo poderia estar aí. Aproveitamos ao máximo as chances pela esquerda. Depois o trabalho quando (Kylian) Mbappé recebia na ponta, Rodrigo (De Paul) não o deixou ir no mano-a-mano contra (Nahuel) Molina. A França é muito difícil, muito complicada, fora a Tunísia, com quem perdeu jogando com os reservas, foram superiores aos seus adversários. Era um jogo muito espinhoso e no final conseguimos".
P: O que você transmitiu aos seus jogadores nos momentos difíceis do jogo?
R: "Otimismo sempre. Estávamos jogando bem. Em duas situações pontuais eles empataram. Sabíamos que com o nosso jogo teríamos chances, foi assim. Continuamos atacando e quando vieram os pênaltis, com um gol faltando dois, três minutos, sabíamos que o Emiliano (Martínez) irradiava positividade. Sempre temos muitos cobradores, isso é ótimo, ter seis ou sete. Dá confiança e se o seu goleiro diz que vai defender dois..." .
P: Messi disse que é sua última Copa do Mundo. Você sabe quais são seus planos futuros?
R: "Seria preciso guardar uma vaga para ele na próxima Copa do Mundo, que ele tenha a camisa 10 guardada para poder continuar jogando. Ele conquistou o direito de escolher. Ele não tem nenhuma conta pendente, se é que alguma vez teve. Foi um prazer treiná-lo, o que transmite aos seus companheiros, nunca vi isso em ninguém".
P: Você se senta na mesma mesa que Bilardo e Menotti - os outros treinadores argentinos campeões mundiais -. O que você sente?
R: "Espero que os dois tenham gostado. Acho que na mesma mesa não. Eles têm uma carreira e marcaram época. Para mim vale a pena que as pessoas estejam felizes. Quero que as pessoas comemorem, mas também saber que as coisas podem dar errado um dia. A mensagem é que as pessoas aproveitem, a vida continua e os problemas vão continuar, mas seremos um pouco mais felizes".
Q: Você falou com Leo depois de ganhar o título?
R: "Pouco antes de receber o prêmio. Tenho uma história com ele quando nos classificamos para a Copa do Mundo: o chamei para conversar, senti que o que estava por vir era muito difícil porque havia muito entusiasmo. Transmitimos algo muito grande para as pessoas. Eu expliquei a ele. Ele me disse: 'continuaremos se der errado. Sem problemas'. Eu tive que dizer a ele o que sentia. Com sua resposta percebi que havia algo que estava sendo bem feito. Essa foi uma história que eu gostaria que todos soubessem".
P: Ganhar outra Copa do Mundo era o sonho de Maradona, o que você diria?
R: "Felizmente conseguimos ganhar esta Copa do Mundo, com a qual sonhávamos há muito tempo. Espero que ele lá de cima tenha gostado. Agora que você me faz a pergunta, percebo que ele não está aqui. Se estivesse em campo, teria sido o primeiro torcedor".
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