Catar alerta para 'impacto negativo' das medidas anticorrupção da UE
11:36 | Dez. 18, 2022
As medidas do Parlamento Europeu contra o Catar, cujo acesso à assembleia pode ser bloqueado por um suposto caso de corrupção, terão um "impacto negativo" nas relações com o emirado rico em gás e no abastecimento mundial de energia, alertou Doha neste domingo (18).
A abertura de uma investigação na Bélgica contra a eurodeputada grega Eva Kaili, suspeita de ter sido subornada pelo Catar para defender os interesses do país que atualmente sedia a Copa do Mundo, abalou a instituição europeia.
Na quinta-feira, na sede do Parlamento, em Estrasburgo, os eurodeputados votaram quase por unanimidade a favor de um texto que suspende instantaneamente o acesso de representantes dos interesses do Catar às instalações enquanto durar a investigação.
A decisão final está nas mãos da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
A decisão de impor "esse tipo de restrições discriminatórias" antes do final da investigação "terá um impacto negativo na cooperação regional e global em segurança e nas discussões em andamento sobre pobreza e segurança energética global", disse um diplomata do Catar em comunicado.
O país do Golfo é um dos principais produtores de gás natural liquefeito, juntamente com os Estados Unidos e a Austrália.
Desde a invasão russa da Ucrânia, o Catar tem sido cortejado por países europeus que buscam uma alternativa ao gás russo.
Os eurodeputados disseram estar "consternados" com as denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro e decidiram suspender os trabalhos sobre questões legislativas relacionadas com o Catar, incluindo um visto mais flexível para este país e um acordo sobre aviação.
O Catar "rejeitou firmemente" as acusações e lamentou "os julgamentos baseados em informações imprecisas reveladas por vazamentos, sem esperar a conclusão da investigação", acrescentou o diplomata. Além disso, o responsável destacou que o Catar não é o único país citado na investigação aberta na Bélgica, mas tem sido alvo "exclusivo" dos ataques.
"Esta semana observamos uma alarmante condenação seletiva de nosso país", disse o diplomata.
Segundo a mídia, representantes de interesses marroquinos também estão sendo investigados.
Durante o processo, seis pessoas, incluindo Kaili, foram presas depois que sacos de dinheiro foram descobertos.
Promotores belgas disseram que estavam investigando o suposto esquema de corrupção no Parlamento Europeu por mais de um ano antes das buscas e prisões nos últimos dias.
"É profundamente decepcionante que o governo belga não tenha feito nenhum esforço para entrar em contato com o nosso governo para esclarecer os fatos quando tomou conhecimento das acusações", disse o emissário do Catar, destacando que seu país é um parceiro próximo e um importante fornecedor de gás.
No comunicado, o Catar destacou seus laços "fortes" com muitos países da União Europeia, expressando sua "gratidão àqueles que demonstraram seu compromisso com suas relações diante da atual onda de ataques".
O suposto envolvimento do emirado no escândalo e as inúmeras polêmicas por conta da Copa do Mundo sobre questões como direitos humanos e meio ambiente, não desencorajaram o presidente da França, Emmanuel Macron, de viajar a Doha para a final do torneio entre seu país e a Argentina.
O presidente já assistiu à semifinal entre França e Marrocos, na quarta-feira.
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