Kylian Mbappé, o solista insaciável e impaciente

11:56 | Dez. 17, 2022

Por: AFP

Talento precoce do futebol, campeão mundial aos 19 anos, Kylian Mbappé se tornou um mestre na arte de atender expectativas e bater recordes, além de suas corridas imparáveis em campo e da gestão meticulosa de sua imagem de estrela global.

Seguro de suas habilidades, instintivo, às vezes polêmico, mas terrivelmente eficaz, Kylian Mbappé terá a chance no domingo de conquistar sua segunda Copa do Mundo antes de completar 24 anos, algo que só Pelé conseguiu na história.

O supersônico atacante do Paris Saint-Germain, que nasceu e cresceu em Bondy, na periferia da capital francesa, parece estar programado para quebrar todos os recordes. O jogador exala todo o seu brilho no momento em que Lionel Messi procura sua última grande glória e em que Cristiano Ronaldo, o seu ídolo de infância, está em pleno declínio.

Com 250 gols marcados em suas primeiras 362 partidas, o jogador revelado no Monaco é mais precoce que as duas lendas do século 21. Presumivelmente, não demorará muito para que ele se torne o maior artilheiro da história do PSG, à frente do uruguaio Edinson Cavani (que marcou 200 gols, contra 190 de "Kyky").

E, a médio prazo, o recorde de gols de Olivier Giroud na seleção francesa (53) cairá inevitavelmente nas mãos do insaciável Mbappé (33 gols, 9 deles em Mundiais), que já é sétimo na classificação com os 'Bleus', à frente de Zinedine Zidane. O que vem a seguir? Uma Bola de Ouro?

"Sempre quis ser o primeiro em tudo, na seleção francesa e no clube", reconheceu o camisa 10 dos Bleus em março, a poucos meses da Copa do Mundo, sua "obsessão".

As analogias e afinidades entre Mbappé e Pelé parecem cada vez mais evidentes. Da América do Sul, o 'Rei' se vê refletido em Kylian e costuma elogiá-lo. Mas "o rei sempre será o rei", responde Mbappé, humilde diante da lenda e de seus doze gols em Copas do Mundo.

Em meio aos seus contemporâneos dentro de campo, Mbappé troca a humildade por grande audácia técnica e um certo ego, assumindo seu status de superastro mundial.

"As pessoas não entendem o ego", explicou ele recentemente em entrevista à rede RMC: "Ninguém a não ser você mesmo vai levá-lo adiante".

Na seleção francesa, Didier Deschamps costuma lembrar que Mbappé é um jogador de equipe.

"Kylian não tem ego...", disse ele há alguns dias, antes de acrescentar: "Obviamente é importante e decisivo, mas sempre faz parte de um quadro coletivo".

No Catar, o artilheiro surpreende pelo otimismo vital e pela naturalidade no vestiário. Normalmente de perfil mais solitário, ele se mostra plenamente realizado e aparenta estar muito próximo de Marcus Thuram, Ousmane Dembélé e Aurélien Tchouaméni. Mbappé até melhorou seu relacionamento com Olivier Giroud.

"Ele se mostra muito mais envolvido com o grupo, fala muito. Sabe que cada um de seus gestos será julgado pelos jornalistas, pelos torcedores, mas também pelos companheiros. Ele é irrepreensível!", avalia Antoine Griezmann.

Bom de papo desde a infância, Mbappé também surpreende pela maturidade que demonstra diante das câmeras e microfones.

Com o tempo, o parisiense soube colocar essa virtude a serviço de um plano de carreira estudado, de uma comunicação hábil e calculada.

Suas raras entrevistas costumam ser concedidas a grandes revistas fora da França e suas aparições diante da imprensa esportiva do Paris Saint-Germain ou dos Bleus lhe permitem soltar mensagens, sobre a negociação dos direitos de imagem na seleção, ou sobre sua situação no clube parisiense, por exemplo.

Protegido por um ambiente restrito, com sua mãe e seu advogado em seu círculo mais próximo, Mbappé também desenvolveu sua marca, com cerca de 80 milhões de seguidores no Instagram e patrocínio da Nike, Dior e da marca de relógios Hublot, a mesma de Pelé.

Ele sabe como superar a pressão. Não por acaso, fez sua melhor temporada em 2021-2022 (39 gols e 21 assistências), enquanto o segundo jogador mais caro da história (contratado por 180 milhões de euros) chegava ao fim do seu contrato no PSG, com o mundo inteiro se perguntando sobre seu futuro.

Ao virar as costas para o Real Madrid, clube dos seus sonhos, para renovar com o Paris Saint-Germain, o atacante optou pela sua cidade e pelo seu país, com um objetivo claro: levar a sua primeira taça da Liga dos Campeões à capital francesa.

Antes disso, ele está a um jogo de conquistar sua segunda Copa do Mundo.

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