O que é a fusão nuclear?

A fusão só é possível aquecendo materiais a temperaturas extremamente altas, acima de 100 milhões de graus Celsius. Entenda o processo

14:41 | Dez. 13, 2022

Por: AFP
Os convidados aguardam o início de uma coletiva de imprensa com a secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm, na sede do Departamento de Energia para anunciar um avanço na pesquisa de fusão em 13 de dezembro de 2022 em Washington, DC. Os funcionários anunciaram que os experimentos no National Ignition Facility (foto: CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP)

O Departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira, 13, um "avanço científico maior" no campo da fusão nuclear.

Há décadas, os cientistas buscam gerar energia com esse mecanismo, que tem várias vantagens: não gera CO2, produz menos rejeitos radioativos do que a energia nuclear conhecida até agora e não traz riscos de acidentes.

A fusão difere da fissão nuclear, técnica atualmente usada em usinas nucleares que envolve a quebra das ligações dos núcleos atômicos para liberar energia.

A fusão é o processo inverso: envolve a fusão de dois núcleos leves (hidrogênio, por exemplo), para criar um pesado (hélio), e isso também libera energia.

É o processo que ocorre em estrelas como o Sol.

"Controlar a fonte de energia das estrelas é o maior desafio tecnológico da humanidade", escreveu no Twitter o físico Arthur Turrell, autor do livro "The Star Builders".

A fusão só é possível aquecendo materiais a temperaturas extremamente altas, acima de 100 milhões de graus Celsius.

"É preciso encontrar mecanismos para isolar essa matéria extremamente quente de tudo que poderia esfriá-la", explicou o chefe de projetos da Comissão de Energia Atômica da França (CEA), Erik Lefebvre, à AFP.

Há décadas, os cientistas tentam fazer com que a energia produzida pela fusão nuclear exceda a usada para causar a reação.

Trata-se de demonstrar que é possível obter um "ganho líquido de energia", uma etapa crucial que entusiasma muitos cientistas ao redor do mundo.

Mas "o caminho ainda é muito longo" até "uma demonstração em escala industrial e comercialmente viável", alerta Erik Lefebvre, para quem esses projetos ainda exigem 20, ou 30 anos de trabalho.

Ao contrário da fissão, a fusão não acarreta o risco de um acidente nuclear. Se houver uma falha no sistema, a reação é simplesmente interrompida, explica Lefebvre.

Além disso, a fusão produz menos rejeitos radioativos do que as centrais atuais geram. E não produz gases de efeito estufa.

"É uma fonte de energia totalmente descarbonizada, que gera poucos resíduos e que é intrinsecamente muito segura" para o que seria "uma solução futura para os problemas energéticos em escala global", resume Lefebvre.

Devido ao seu estado de desenvolvimento, não representa uma solução imediata para a crise climática e para a necessidade de uma rápida transição de energias fósseis.