EUA detém suspeito do atentado de Lockerbie
18:15 | Dez. 11, 2022
Um líbio suspeito de ter montado e programado a bomba do atentado de Lockerbie, na Escócia, que matou 270 pessoas em dezembro de 1988, está sob custódia dos Estados Unidos, informaram autoridades americanas neste domingo (11).
Um porta-voz do Departamento de Justiça confirmou à AFP a prisão de Abu Agila Mohamad Massud, divulgada anteriormente pelo Ministério Público (MP) escocês.
"Ele deve comparecer perante um tribunal no Distrito de Columbia", informou o porta-voz, sem especificar uma data.
Não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias da entrega de Massud às autoridades americanas.
Segundo o jornal The New York Times, ele foi detido pelo FBI, a polícia federal americana, e está em vias de extradição para os Estados Unidos.
Massud foi indiciado pelos Estados Unidos há dois anos pelo atentado de Lockerbie.
"Foi dito às famílias das vítimas do atentado de Lockerbie que o suspeito Abu Agila Mohamad Massud está sob custódia americana", disse, em nota, um porta-voz do MP escocês.
"O Ministério Público e a polícia escoceses, em coordenação com o governo americano e seus colegas americanos, vão continuar com esta investigação com o único propósito de levar à justiça quem agiu com Al Megrahi", acrescentou a nota.
Em um comunicado em separado, as famílias das vítimas comemoraram a prisão neste domingo, mencionando um "passo importante" em sua busca por justiça e destacando que esperam "o início do processo com impaciência".
O atentado teve como alvo um voo transatlântico de Londres para Nova York. O avião, um Boeing 747 da Pan Am, explodiu em 21 de dezembro de 1988 sobre a cidade escocesa de Lockerbie, matando todos os 259 passageiros e tripulantes a bordo e 11 pessoas em terra.
Apenas uma pessoa foi condenada pelo ataque, o líbio Abdelbaset Ali Mohamed al-Megrahi, que morreu em 2012. Ele sempre declarou inocência.
Libertado em 20 de agosto de 2009 pela justiça escocesa devido a um câncer terminal, foi recebido com boas-vindas ao retornar a Trípoli, provocando polêmica na Grã-Bretanha, acusada de ter agido para preservar um contrato petroleiro com a Líbia.
Em dezembro de 2020, 32 anos após a tragédia, a Justiça americana anunciou que processaria Abu Agila Mohamad Massud, um antigo membro dos serviços de Inteligência do presidente líbio Muammar Kadhafi, suspeito de ter fabricado e programado a bomba. Massud estava detido na Líbia na época.
O atentado de Lockerbie foi o ataque mais mortal cometido no Reino Unido e o segundo mais mortal contra os americanos (190 mortos), atrás apenas dos atentados de 11 de setembro de 2001.
O regime de Kadhafi reconheceu oficialmente sua responsabilidade pelo atentado em 2003 e pagou 2,7 bilhões de dólares em indenizações aos familiares das vítimas.
A investigação foi reaberta em 2016, quando a Justiça americana soube que Massud havia sido preso após a queda de Kadhafi e teria confessado sua participação aos serviços de Inteligência do novo governo líbio em 2012.
No ano passado, um tribunal escocês rejeitou um recurso da família de al-Megrahi e afirmou que "não houve erro judicial".
A Justiça descartou um dos argumentos de defesa da família do condenado, que acreditava que alguns documentos relacionados ao caso, que as autoridades britânicas se recusam a desclassificar, teriam permitido chegar a um veredito diferente.
Estes documentos implicariam o Irã, que teria agido em represália pela queda de um avião civil, derrubado por um míssil americano em julho de 1988, um atentado no qual morreram 290 pessoas.
O advogado da família al-Megrahi, Aamer Anwar, denunciou mais uma vez, por meio de nota à imprensa, um "erro judicial" contra seu cliente e disse que analisará "o que significam estes desenvolvimentos em termos de uma eventual nova apelação".
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