Rússia destrói infraestrutura da Ucrânia e confia no 'sucesso' de sua ofensiva

A Rússia deu sequência, nesta quarta-feira (23), à estratégia de bombardear a infraestrutura da Ucrânia, causando cortes no fornecimento de água e eletricidade a várias cidades, e disse estar confiante no "sucesso" de sua ofensiva, apesar dos contratempos sofridos em nove meses de guerra.

A Rússia disparou "cerca de 70 mísseis de cruzeiro" contra a Ucrânia e 51 deles foram interceptados, disse a Força Aérea Ucraniana. Além disso, "cinco drones suicidas do tipo Lancet foram abatidos no sul do país", acrescentou.

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O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pretende denunciar os bombardeios russos durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada por seu país.

"A morte de civis e a destruição de infraestrutura civil são atos de terror. A Ucrânia segue exigindo uma resposta determinada da comunidade internacional a esses crimes", declarou Zelensky ao anunciar a convocação.

Os bombardeios, que deixaram pelo menos seis mortos e 36 feridos, segundo as autoridades ucranianas, atingiram a já danificada rede elétrica do país e causaram a interrupção de energia de três usinas nucleares.

Os bombardeios ocorrem após uma série de retiradas russas no campo de batalha, incluindo a saída de tropas da cidade de Kherson (sul).

No entanto, a Rússia está confiante no resultado desta operação, que começou com a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro.

"Não há a menor dúvida sobre o futuro e o sucesso da operação especial", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, usando a terminologia com que Moscou se refere à ofensiva militar na Ucrânia.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que "três pessoas" morreram na capital, entre elas uma jovem de 17 anos.

Devido ao bombardeio, o abastecimento de água está suspenso em toda a capital e o governador regional, Oleksi Kuleba, anunciou que "toda a região está sem luz".

No entanto, as autoridades conseguiram restabelecer a eletricidade em uma parte da cidade.

Em Lviv, no oeste da Ucrânia, a luz voltou parcialmente no fim da tarde, segundo as autoridades. Já Kharkiv (nordeste), segunda maior cidade do país, seguia sem eletricidade.

Os ataques também tiveram consequências na vizinha Moldávia, onde houve "cortes massivos de eletricidade".

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que Moscou pode ser forçada a limitar suas operações na Ucrânia no futuro, já que sofre de uma "escassez significativa" de munição para sua artilharia.

Washington anunciou uma ajuda adicional de US$ 400 milhões à Ucrânia, que inclui "armas, munições e equipamentos de defesa aérea".

Este novo aporte eleva a ajuda total americana a mais de US$ 19 bilhões desde o início do conflito.

Em Vilnyansk, uma cidade na região de Zaporizhzhia, no sul, que abriga a maior usina nuclear controlada pela Rússia da Europa, um recém-nascido morreu em um bombardeio russo que atingiu uma maternidade durante a madrugada desta quarta-feira.

"O inimigo decidiu mais uma vez tentar alcançar através do terror e do assassinato o que não conseguiu em nove meses", denunciou Zelensky pelo Telegram.

A Rússia "terá de ser responsabilizada por todos os danos que causou ao nosso país", acrescentou.

A pequena cidade de Vilniansk fica a 45 quilômetros da linha de frente, no norte da região de Zaporizhzhia, que tem grande parte do sul ocupada pelas tropas russas desde que Moscou anunciou a anexação do território no fim de setembro.

O plenário do Parlamento Europeu aprovou uma resolução que classifica a Rússia como um "país promotor do terrorismo".

Apesar dos intensos combates, especialmente no leste, Moscou e Kiev continuam a troca de prisioneiros de guerra.

"Hoje houve uma nova troca com Kiev seguindo a fórmula 35 por 35", disse nesta quarta-feira um alto funcionário da autoridade de ocupação russa, Denis Pushilin.

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