Transição avança em Brasília, enquanto Bolsonaro segue recluso
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin anunciou nesta terça-feira (8) a equipe que irá liderar a transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto o presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL) praticamente desapareceu da vida pública desde a derrota nas urnas.
No papel de coordenador-geral da transição, Alckmin (PSB) anunciou em coletiva de imprensa em Brasília os encarregados das áreas de trabalho para traçar nos próximos 50 dias um planejamento para o futuro governo do presidente eleito Lula (PT), que assume em 1º de janeiro.
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Entre eles, o vice-presidente eleito nomeou um conselho político, composto por representantes dos partidos que formaram a coligação de Lula.
Alckmin também nomeou outros grupos técnicos, incluindo de economia e de assistência social.
A equipe econômica será formada por André Lara Resende e Persio Arida, dois dos idealizadores do Plano Real, além de Guilherme Mello, assessor econômico da campanha de Lula, e Nelson Barbosa, ex-ministro do Planejamento e ex-ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff.
Já a equipe de assistência social terá como principal nome a senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais e que declarou apoio a Lula para o segundo turno.
Em meio às especulações sobre possíveis nomes para cargos ministeriais, Alckmin esclareceu que os participantes dos grupos de trabalho "não têm relação direta com ministério, com governo".
Lula é esperado na noite desta terça-feira em Brasília.
Na capital, o presidente eleito deverá reunir-se na quarta-feira com líderes do Congresso, em meio a negociações orçamentárias para aumentar os gastos e implementar suas promessas de campanha relacionadas ao auxílio social.
Enquanto a transição avança, Jair Bolsonaro praticamente desapareceu da vida pública, inclusive nas redes sociais, desde que foi derrotado por Lula em 30 de outubro.
O presidente se manteve em um silêncio total sem precedentes durante quase 48 horas depois que foi divulgado o resultado da eleição presidencial, o que suscitou dúvidas sobre um possível questionamento da vitória de Lula, enquanto seus apoiadores bloqueavam estradas e pediam intervenção militar para mantê-lo no poder.
O silêncio foi rompido em 1° de novembro com um sucinto discurso de apenas dois minutos a jornalistas, no qual não reconheceu abertamente sua derrota e evitou parabenizar seu adversário pela vitória, deixando nas mãos de seu ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciar que havia "autorizado a transição" com o futuro governo.
No dia seguinte, voltou a falar, em um breve vídeo publicado nas redes sociais, pedindo a seus apoiadores que desbloqueassem as rodovias em vários pontos do país, embora os incentivasse a continuar com manifestações "legítimas".
Desde então, há quase uma semana, mantém o silêncio.
O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, atribuiu nesta terça-feira a "reclusão" de Bolsonaro ao seu estado de ânimo após a acirrada derrota nas urnas para Lula, que venceu por apenas 1,8 ponto percentual.
Sua agenda oficial mostra que ele permanece em sua residência no Alvorada desde 1º de novembro e em reuniões com ministros na sede da Presidência.
Fontes citadas pelo O Globo atribuíram esta ausência prolongada a problemas de saúde e revelaram que o presidente, de 67 anos, "chegou a apresentar um quadro febril e parecia abatido".
A Presidência não respondeu imediatamente aos pedidos da AFP por informações sobre a saúde de Bolsonaro.
A conta no Twitter do presidente, muito ativo nesta rede social antes da derrota, está quase sem publicações desde o segundo turno eleitoral.
Somente uma enigmática foto na qual aparece ao lado de apoiadores e a bandeira do Brasil ao fundo foi publicada, sem qualquer legenda, na tarde desta terça-feira.
Também não retomou sua habitual transmissão ao vivo nas redes sociais às quintas-feiras.
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