Premiê grego desmente acusações em caso de escutas telefônicas
O premiê grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, desmentiu nesta segunda-feira (7) ter colocado sob escuta alguns de seus ministros, após acusações feitas por uma revista, que puseram o governo na alça de mira.
A revista de esquerda Documento, alinhada ao Syriza, o principal partido da oposição, publicou no fim de semana uma lista de 33 personalidades públicas que foram espionadas através do programa Predator. Entre elas havia vários ministros em exercício, jornalistas e executivos.
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As revelações, baseadas em fontes de inteligência grega, deram um novo impulso ao escândalo das escutas ilegais que sacode o país desde o verão no hemisfério norte.
Além disso, vêm à tona dias depois de uma comissão do Parlamento Europeu sobre programas maliciosos visitar a Grécia, onde instou o governo a fazer uma investigação "urgente e exaustiva" sobre o caso.
Entre as vítimas estão, segundo a revista, o ex-premiê Antonis Samaras, os atuais ministros das Relações Exteriores, Finanças, Desenvolvimento, Trabalho e Turismo; um empresário e vários jornalistas.
"Nunca afirmei (...) que não houve vigilância. É muito diferente acusar o primeiro-ministro de ter orquestrado esta ação", afirmou Mitsotakis, que qualificou as acusações do periódico de "vergonhosas", "caluniosas" e "inaceitáveis".
O porta-voz do Executivo, Giannis Oikonomou, reiterou horas antes que não havia "elementos probatórios" das revelações da Documento.
O partido Syriza, esquerda radical do ex-primeiro-ministro Tsipras (2015-2019), exigiu nesta segunda que o Governo lance luz sobre o caso "antes das próximas eleições", previstas para o verão de 2023.
O partido opositor também afirmou que avalia recorrer a uma "moção de censura" no Parlamento contra o governo de Mitsotakis, que conta, no entanto, com ampla maioria.
O redator-chefe da Documento, Kostas Vaxevanis, prometeu, ainda, divulgar outros nomes de personalidades vítimas deste programa, que permite espionar uma pessoa sem praticamente deixar vestígios.
O caso das escutas - o "Watergate" grego, como a imprensa o denomina - estourou em julho, quando Nikos Andrulakis, um eurodeputado e líder do partido socialista grego, apresentou uma denúncia assegurando que em várias ocasiões alguém havia tentado infectar seu celular com o programa Predator.
O escândalo levou à demissão do chefe dos serviços secretos e de um sobrinho e conselheiro do primeiro-ministro.
Kyriakos Mitsotakis, que pôs os serviços de inteligência sob seu controle desde o primeiro dia de seu mandato, em 2019, sempre negou a compra deste programa por seu governo, embora tenha admitido ter colocado Andrulakis sob escuta.
O governo afirmou, ainda, que em breve será votada uma lei para proibir a comercialização de programas maliciosos.
O redator-chefe da Documento, interrogado nesta segunda pela Suprema Corte, foi claro em suas acusações.
"Existe uma rede de vigilância única, que tem como cérebro Mitsotakis", afirmou Kostas Vaxevanis antes de deixar o tribunal, referindo-se ao que chamou de um "Estado paranoico".
Entre as pessoas postas sob escuta estão vários jornalistas e Alexis Papachelas, diretor de redação do jornal de centro direita Kathimerini.
"Só uma solução completa e rápida do caso das escutas telefônicas permitirá dissipar as suspeitas que foram lançadas. Se o país demorar" a fazê-lo, "corre o risco de entrar em uma via muito sombria", reagiu Alexis Papachelas.
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