Manifestantes bloqueiam rodovias no 2º dia após derrota de Bolsonaro, que segue em silêncio
Os bloqueios nas rodovias em vários estados do país se acentuaram nesta terça-feira (1º), pelo segundo dia consecutivo, com inúmeros caminhoneiros e manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas ruas sem aceitar sua derrota para Lula (PT).
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatou nesta manhã mais de 250 bloqueios totais, ou parciais, de estradas em ao menos 23 dos 27 estados brasileiros.
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"Lula não!" dizia uma placa pendurada acima de um viaduto em São Paulo, onde várias vias também foram bloqueadas, incluindo a que liga ao Rio de Janeiro, impedindo a saída de ônibus entre as duas cidades.
A rodovia que leva ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do país, foi liberada pela polícia local na manhã desta terça-feira, após um bloqueio que causou cancelamentos e atrasos em alguns voos na madrugada, segundo a imprensa local.
O estado que registrou mais bloqueios foi Santa Catarina (sul), onde Bolsonaro obteve apoio de quase 70% dos votos.
As convocações de apoio aos bloqueios se multiplicaram desde segunda-feira no Twitter e em grupos bolsonaristas no Telegram. Um panfleto convocava para um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na tarde desta terça-feira.
Desde segunda-feira, a polícia do Distrito Federal restringiu o acesso de veículos à Praça dos Três Poderes, onde estão localizados os prédios da Presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), como medida "preventiva" contra possíveis manifestações convocadas pelas redes.
Mais de 36 horas após o resultado oficial, Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre a vitória apertada de Lula (50,9%-49,1%), que foi reconhecida por vários aliados do governo, além de inúmeros chefes de Estado estrangeiros.
Durante meses, Bolsonaro questionou o sistema de urna eletrônica sem provas, levantando temores de que não aceitaria a derrota. Às vésperas da eleição, porém, afirmou que venceria aquele que tivesse "mais votos".
"Isso é a democracia", acrescentou.
O Supremo Tribunal Federal também ameaçou multar o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, ou prendê-lo por "desobediência", se os bloqueios continuarem.
Vasques esteve no centro da polêmica no domingo, após a implementação de operações de controle que causaram grandes engarrafamentos e atrasaram o acesso dos eleitores aos locais de votação, principalmente no Nordeste, reduto lulista.
A polêmica aumentou quando a imprensa local informou que Vasques havia postado em seu perfil do Instagram uma mensagem pedindo votos para Bolsonaro, que depois ele apagou.
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