Bolsonaro autoriza transição sem fazer referência à derrota nas urnas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou, nesta terça-feira (1º), o início do processo de transição com a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e prometeu "cumprir" a Constituição, em seu primeiro pronunciamento após perder as eleições para o petista, a quem sequer mencionou.
"Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição", declarou Bolsonaro em um breve discurso na residência oficial do Palácio da Alvorada, em Brasília.
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Em seu pronunciamento, o presidente em fim de mandato não mencionou diretamente a derrota nas urnas ou seu adversário, o ex-presidente Lula.
Bolsonaro "autorizou" o início do "processo de transição" com a equipe de Lula, afirmou após o discurso o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Bolsonaro manteve o país em suspense por dois dias ao se calar após a derrota na eleição presidencial para Lula, que venceu por uma margem estreita de 50,9% dos votos contra 49,1%.
A vitória de Lula foi reconhecida pela comunidade internacional e por vários aliados do governo.
Durante meses, Bolsonaro, de 67 anos, questionou sem apresentar provas o sistema de urnas eletrônicas, despertando temores de que não aceitaria uma possível derrota.
O pronunciamento do presidente em fim de mandato coincide com o segundo dia de bloqueios rodoviários por caminhoneiros e manifestantes bolsonaristas em todo o país em protesto contra o resultado da eleição.
A polícia dispersou mais de 300 atos nas últimas horas, embora ainda permaneçam 267 pontos de bloqueios ativos, segundo o balanço publicado pelas autoridades na manhã desta terça-feira.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro disse que os protestos devem ser pacíficos.
"As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", afirmou.
Bolsonaro atribuiu os bloqueios à "indignação e sentimento de injustiça" em relação ao processo eleitoral.
O presidente sempre afirmou ter "todo o sistema" contra ele, uma referência ao Judiciário e até mesmo à imprensa.
Enquanto isso, Lula, 77 de anos, organiza a transição do governo.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, companheiro de chapa de Lula, será o responsável por coordenar o processo de transição com o governo em fim de mandato, anunciou o PT nesta terça-feira.
O objetivo é começar o processo "a partir de quinta-feira", segundo o partido.
Alckmin teve na segunda-feira o primeiro contato com o governo Bolsonaro, uma conversa por telefone com o atual vice-presidente Hamilton Mourão.
Lula tomará posse em 1º de janeiro.
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