Manifestantes bloqueiam rodovias no 2º dia após derrota de Bolsonaro, que segue em silêncio
11:00 | Nov. 01, 2022
Os bloqueios nas rodovias em vários estados do país se acentuaram nesta terça-feira (1º), pelo segundo dia consecutivo, com inúmeros caminhoneiros e manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas ruas sem aceitar sua derrota para Lula (PT).
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) relatou nesta manhã mais de 250 bloqueios totais, ou parciais, de estradas em ao menos 23 dos 27 estados brasileiros.
"Lula não!" dizia uma placa pendurada acima de um viaduto em São Paulo, onde várias vias também foram bloqueadas, incluindo a que liga ao Rio de Janeiro, impedindo a saída de ônibus entre as duas cidades.
A rodovia que leva ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do país, foi liberada pela polícia local na manhã desta terça-feira, após um bloqueio que causou cancelamentos e atrasos em alguns voos na madrugada, segundo a imprensa local.
O estado que registrou mais bloqueios foi Santa Catarina (sul), onde Bolsonaro obteve apoio de quase 70% dos votos.
As convocações de apoio aos bloqueios se multiplicaram desde segunda-feira no Twitter e em grupos bolsonaristas no Telegram. Um panfleto convocava para um protesto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na tarde desta terça-feira.
Desde segunda-feira, a polícia do Distrito Federal restringiu o acesso de veículos à Praça dos Três Poderes, onde estão localizados os prédios da Presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), como medida "preventiva" contra possíveis manifestações convocadas pelas redes.
Mais de 36 horas após o resultado oficial, Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre a vitória apertada de Lula (50,9%-49,1%), que foi reconhecida por vários aliados do governo, além de inúmeros chefes de Estado estrangeiros.
Durante meses, Bolsonaro questionou o sistema de urna eletrônica sem provas, levantando temores de que não aceitaria a derrota. Às vésperas da eleição, porém, afirmou que venceria aquele que tivesse "mais votos".
"Isso é a democracia", acrescentou.
O Supremo Tribunal Federal também ameaçou multar o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, ou prendê-lo por "desobediência", se os bloqueios continuarem.
Vasques esteve no centro da polêmica no domingo, após a implementação de operações de controle que causaram grandes engarrafamentos e atrasaram o acesso dos eleitores aos locais de votação, principalmente no Nordeste, reduto lulista.
A polêmica aumentou quando a imprensa local informou que Vasques havia postado em seu perfil do Instagram uma mensagem pedindo votos para Bolsonaro, que depois ele apagou.
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