Mundo 'não pode mais permitir o greenwashing', diz chefe da ONU
10:03 | Out. 27, 2022
Os objetivos da neutralidade do carbono são inúteis se não agirmos para cumpri-los, afirmou o secretário-geral da ONU nesta quinta-feira (27), destacando que o mundo "não pode mais permitir o greenwashing", termo em inglês que consiste em manter um discurso ecológico ao mesmo tempo em que se promove o uso de combustíveis fósseis.
"Os compromissos de neutralidade do carbono não valem nada sem planos, políticas e ações que os apoiem", disse Antonio Guterres, em um vídeo publicado por ocasião da publicação da avaliação anual do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) sobre o progresso dos compromissos assumidos no Acordo de Paris de 2015.
"Os compromissos climáticos globais e nacionais são lamentavelmente curtos", disse Guterres no vídeo, divulgado a menos de duas semanas do início da conferência climática COP27 da ONU no Egito.
"Em outras palavras, caminhamos para uma catástrofe global", alertou Guterres.
Além disso, pediu para fechar a lacuna entre o que já foi alcançado e o que ainda é necessário para respeitar o compromisso do acordo climático de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais, e a 1,5 ºC, se possível.
O público-alvo do vídeo são os governos, particularmente do Grupo das vinte economias avançadas (G20), bem como atores privados e instituições financeiras.
A mensagem do secretário-geral das Nações Unidas chega quando cada vez mais governos, empresas e cidades firmam compromissos com a neutralidade do carbono, mas que na maioria dos casos não serão cumpridos até 2050.
"Nosso mundo não pode permitir mais o greenwashing", alertou Guterres.
O grupo de especialistas estabelecido pelo secretário-geral para desenvolver padrões e avaliar os compromissos de neutralidade do carbono por parte de atores não estatais informará suas conclusões na COP27.
Milhares de empresas anunciaram objetivos de neutralidade do carbono, mas muitas são suspeitas ou inclusive acusadas abertamente de não cumprir com seus compromissos.
Esse "greenwashing" é facilitado ainda mais pela falta de um marco internacional comum para avaliar e supervisionar os compromissos de redução das emissões.
Guterres também mencionou a necessidade de investir "maciçamente" em energias renováveis, pedindo a criação de um "pacto histórico entre as economias desenvolvidas e emergentes do G20" para impulsionar a transição energética.
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